Ao celebrarmos este Domingo de Ramos, iniciamos um itinerário que nos convida a mergulhar na profundidade da Semana Santa e a viver o Mistério Pascal com intensidade e fé. Hoje recordamos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e somos inspirados a seguir o exemplo do Servo Sofredor, que, despojado de suas vaidades, se entregou de forma plena para cumprir a missão divina.
Em meio às leituras, o profeta Isaías nos instiga a refletir: a mensagem do Servo se aplicaria somente ao povo de Israel ou se apresentaria como o prenúncio de um Messias? A resposta se encontra na vida de Jesus de Nazaré, que realizou a profecia de forma plena. Ele aprendeu, ouviu e transmitiu as palavras que confortavam a humanidade, preparando-se para enfrentar as humilhações e sofrimentos que o destino lhe reservava.
Na Carta aos Filipenses, São Paulo nos desafia a comparar o nosso caminho com o de Jesus. O apóstolo ressalta dois movimentos essenciais: o esvaziamento voluntário de Jesus, que se despojou de tudo – inclusive da sua condição divina – para abraçar a humildade e o sofrimento, e a sua posterior exaltação como Senhor, fazendo com que toda a criação se prostre em adoração. Esse exemplo radical nos convida a repensar nossas prioridades e a viver de forma mais autêntica, colocando o amor e a compaixão acima das convenções sociais.
No relato da Paixão de Cristo, encontramos não apenas a narrativa de um sacrifício, mas também o encontro entre a justiça do Reino e a injustiça mundana. Jesus, diferente dos messias guerreiros que muitos esperavam, mostrou-se pacífico, humilde e, acima de tudo, inocente perante as acusações infundadas. Essa realidade nos leva a questionar: quantas vezes, inconscientemente, contribuímos para a dor do próximo? Seja como Pilatos que hesitou diante do sacrifício ou como Simão Cireneu, que ajudou a carregar a cruz, somos chamados a reconhecer, em cada pessoa, a presença do Filho de Deus.
A cruz, símbolo de sofrimento e redenção, permanece viva em nossos corações, lembrando-nos de que cada ato de compaixão, cada palavra de ânimo e cada gesto de solidariedade é um reflexo da missão de Cristo. Que possamos manter nossos corações abertos para a vida que se renova na ressurreição, reconhecendo que, mesmo em meio à dor, a luz divina nunca deixa de brilhar.
Louvado seja Jesus Cristo, cuja humildade e obediência nos ensinam a trilhar o caminho do amor e da redenção. Boa Semana Santa a todos. Paz e Bem!
Frei Augusto Luiz Gabriel