Muitas vezes, quando era mais jovem, me perguntei por que Deus demorou tanto tempo, depois de Adão e Eva, para enviar ao mundo Seu Filho Jesus. Quem tem filhos sabe que desejamos para eles tudo de bom, sempre. Usando a mesma lógica, um Deus Todo-Poderoso e misericordioso certamente quer o melhor para todos os Seus filhos – e ainda mais.
Mas quem é pai ou mãe também sabe que é necessário um processo, uma caminhada, para que os filhos não apenas tomem conhecimento dos bons valores e práticas de convivência, mas também os assimilem tão profundamente que os apliquem, sem hesitação, nas situações práticas da vida.
Deus também deu ao “povo escolhido de Israel” um tempo para assimilar os valores que lhes eram caros. Contudo, ao conceder aos homens o livre-arbítrio no ato da criação, permitiu que eles escolhessem. Apesar dos insistentes avisos enviados através dos profetas, o “seu povo” optou por não seguir os ensinamentos divinos. Assim, depois de inúmeras tentativas frustradas, Deus percebeu que era necessário enviar Seu Filho Jesus para realizar o projeto de salvação.
A misericórdia do Pai para com nossos antepassados selou nosso destino: a Esperança de Deus se tornou para nós a Salvação. Anos de sofrimento e espera do “povo escolhido” pela vinda do Salvador nos ensinaram, através das histórias do Antigo Testamento, como esperar por um sinal do Criador pode ser desafiador. A presença do mal, disfarçado de tantas formas, reforça a esperança de um tempo melhor, repleto de virtudes e boas obras, principalmente quando não precisamos exercitar nosso livre-arbítrio.
Essas reflexões estão ligadas não apenas ao tempo do Advento – período de preparação para a vinda do Salvador –, mas também à nossa relação, como seres humanos, com a “Casa Comum”.
O “Francisco de hoje” nos convida a pensar nas promessas que Deus Pai fez ao longo da história e em como reagimos a essas promessas, tendo em vista também o Ano Jubilar de 2025:
“2. A existência do cristão é vida de fé, laboriosa na caridade e transbordante de esperança, enquanto aguarda o regresso do Senhor na sua glória. (…) A salvação cristã entra no âmago da dor do mundo, que não atinge apenas o ser humano, mas todo o universo, a própria natureza, o oikos do homem, o seu ambiente vital; ela abarca a criação como ‘paraíso terrestre’, a mãe terra, que deveria ser lugar de alegria e promessa de felicidade para todos. (…) E esta harmonia entre os homens deve estender-se também à criação, a partir de um ‘antropocentrismo situado’, na responsabilidade por uma ecologia humana e integral, caminho de salvação da nossa casa comum e dos que nela vivemos.”(Mensagem para a Celebração do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação, Basílica de São João de Latrão, 27/06/2024)
E você, como está se preparando para receber o Cristo Menino de Belém em seu coração?
Leila Denise