“O vento sopra onde quer” (Jo 3,8)

Não há como segurar uma força da natureza. Por mais engenharia e tecnologia que a mente humana tenha desenvolvido ao longo dos anos, se a ‘Mãe Natureza’ resolver impor a sua vontade, não se pode fazer nada além de esperar, rezar e confiar.

Ainda que não possa se materializar isso de forma direta – só as consequências e resultados –, o “Vento do Amor” sopra por todo lugar. Mesmo sob as “barreiras” montadas ao longo da vida por todas as representações do “Mal”, esse vento passa por todo lugar, todo ser e toda superfície, tocando tudo e todos que encontra, ainda que não o penetre por completo.

Como não ficar tocado com todos os depoimentos e reportagens mostrando a destruição que aconteceu no Rio Grande do Sul? Até o mais cético dos homens se deixa tocar por uma fala saudosa das recordações de família, de uma história comovente de acolhida, de um momento de partilha do pouco que se tem entre muitos que praticamente nada têm…

Assim como as outras duas virtudes teologais, o amor e a fé, a esperança é algo que só permanece viva e acesa se for devidamente alimentada. 

Neste último mês de maio, o Francisco de hoje nos ensinou sobre a Esperança: 

“A esperança é uma virtude contra a qual pecamos frequentemente: nas nossas saudades negativas, nas nossas melancolias, quando pensamos que as felicidades do passado estão enterradas para sempre. Pecamos contra a esperança, quando desanimamos diante dos nossos pecados, esquecendo que Deus é misericordioso e é maior do que o nosso coração. Não esqueçamos isto, irmãos e irmãs: Deus perdoa tudo, Deus perdoa sempre. Somos nós que nos cansamos de pedir perdão. Mas não esqueçamos esta verdade: Deus perdoa tudo, Deus perdoa sempre! Pecamos contra a esperança, quando desanimamos perante os nossos pecados; pecamos contra a esperança, quando o outono anula em nós a primavera; quando o amor de Deus deixa de ser um fogo eterno e não temos a coragem de tomar decisões que nos comprometem para toda a vida. O mundo de hoje tem muita necessidade desta virtude cristã! O mundo precisa da esperança, assim como tem tanta necessidade da paciência, uma virtude que caminha de mãos dadas com a esperança. Os homens pacientes são tecelões de bem. Desejam obstinadamente a paz, e embora alguns tenham pressa e queiram tudo e já, a paciência tem a capacidade da espera. Até quando muitos à sua volta cederam à desilusão, quem é animado pela esperança e é paciente, torna-se capaz de atravessar as noites mais escuras. Esperança e paciência caminham de mãos dadas! A esperança é a virtude de quem é jovem de coração; e nisto, a idade não conta. Porque existem até velhos com os olhos cheios de luz, que vivem em tensão permanente para o futuro. Pensemos naqueles dois grandes anciãos do Evangelho, Simeão e Ana: nunca se cansaram de esperar e viram o último trecho do seu caminho abençoado pelo encontro com o Messias, que reconheceram em Jesus, levado ao Templo pelos seus pais. Que felicidade, se fosse assim para todos nós! Se, depois de uma longa peregrinação, pousando alforge e cajado, o nosso coração se enchesse de uma alegria nunca antes sentida e também nós pudéssemos exclamar: «Agora, Senhor, podes deixar o teu servo / ir em paz, segundo a tua palavra, / porque os meus olhos viram a tua salvação, / preparada por ti diante de todos os povos: / luz para te revelar às nações / e glória para o teu povo, Israel» (Lc 2, 29-32)” 

Papa Francisco, Praça São Pedro, 8/5/2024.

Onde e de que forma o “vento do amor” tocou você nos últimos tempos? Como você está alimentando a esperança dentro de você? Como a paciência se faz presente na tua vida? Que luz seus olhos ainda esperam enxergar? Quem você ajudou a acender a chama da Esperança nos últimos tempos? Um abraço fraterno!


Leila Denise

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