As já centenárias aparições de Nossa Senhora no município de Fátima, na diocese de Lisboa, em Portugal, reavivaram a fé dos portugueses durante a Primeira Guerra Mundial, assim como ajudou a difundir a prática de rezar o terço entre os católicos devotos de Maria.
No dia 13 de maio de 1917 ocorreu a primeira aparição. Na Cova da Iria, Maria apareceu aos pequenos pastores Lúcia (com 10 anos) e a seus primos Francisco (com 9 anos) e Jacinta (com 7 anos) enquanto cuidavam das ovelhas. Naquela oportunidade, pediu aos três que voltassem ali nos próximos seis meses, para só então dizer a eles o que ela queria deles.
Lendo os relatos disponibilizados pelo Santuário de Fátima, temos acesso a várias informações colhidas das próprias crianças e de familiares sobre as aparições. É curioso observar como cada um dos três teve acesso à aparição da Virgem Maria de maneiras diferentes. Aqui, um pequeno trecho do depoimento de Olímpia de Jesus, mãe de Francisco e Jacinta, nos dá motivos para entendermos essa diferenciação, levando em conta sua espiritualidade infantil e sua experiência lúdica da vida:
“No princípio da aparição, quando a Lúcia dizia que via Nossa Senhora, o Francisco, não vendo nada, aconselhou a prima a atirar-lhe com uma pedra, e a Lúcia disse à Senhora: ‘Então vossemecê é Nossa Senhora do Céu, e o Francisco não a vê?’. Já a Senhora lhe tinha dito que era do Céu. Nossa Senhora disse à Lúcia: ‘Diz-lhe que reze o terço e já me verá’. O pequeno contou que, então, meteu a mão no bolso do colete, onde tinha as contas da missa, e começou a rezar e, quando tinha seis ou sete Ave-Marias rezadas, já via a Senhora e não pôde rezar mais”
(28.09.1923).
Também é interessante observar, segundo os mesmos relatos, como, na primeira aparição, a Virgem Maria foi paciente ao responder as dúvidas e questionamentos dos pequenos sobre o destino deles – após a morte – e de pessoas que com eles conviveram e já tinham morrido, inclusive mencionando que uma delas estaria no Purgatório até o final dos tempos.
Agora, eu gostaria de fazer algumas considerações que me surgiram ao ler os relatos. Segundo Lúcia, a mais velha, que viu com mais clareza e falou com a Virgem Maria, primeiro ela foi vista numa carrasqueira (uma pedra limpa) de cerca de um metro de altura, antecedida por relâmpagos em um dia de céu limpo, assim como foi avistada sobre uma azinheira – uma árvore muito resistente à falta de água e que se mantém viva em terreno pedregoso.
Será que Maria precisa se sobrepor à secura da nossa fé e do nosso coração para que a sintamos presente em nossas vidas? Será que precisamos, assim como Francisco Marto, ainda que sintamos sua presença em nosso meio, precisemos rezar para poder divisá-la (ainda que não a ouçamos)? Será que, assim como Jacinta Marto, conseguimos nos entusiasmar com a presença da grande Dama do Céu e desejar com ela habitar? Será que, a exemplo de Lúcia dos Santos, conseguimos dar nosso “Sim” às solicitações da Virgem e ajudar o povo a divulgar a devoção ao seu Imaculado Coração, rezando a oração do Terço? Será que, da mesma forma que aos pastores, a Virgem Mãe precisa anunciar sua presença por meses seguidos entre nós para nos acordar para o cultivo da fé?
Os segredos revelados por Maria em Fátima, com o passar dos anos, vieram à tona e foram divulgados à humanidade para validar as revelações feitas a Lúcia, Francisco e Jacinta.
E se Maria resolvesse aparecer hoje a um de nós ou a ao nosso grupo, nos convidasse a rezar o terço e nos pedisse para aguardar sua visita nos próximos seis meses, como reagiríamos? E como seria a reação de quem nos cerca? São perguntas que merecem nossa atenção e reflexão!
Nossa Senhora de Fátima, rogai por nós!
Um abraço,
Leila Denise!