E se iniciam os trabalhos de 2022…
Passadas as festas do fechamento de 2021 e os muitos encontros proporcionados pela vida – com ou sem contágio da COVID-19 e da Influenza, com ou sem cuidados para evitar a possibilidade do contágio, com ou sem férias –, repletos de emoções evocadas e provocadas pelos muitos meses de exigência do distanciamento social, é hora de arregaçarmos as mangas e voltarmos à nossa rotina.
Não sei dos outros, mas eu, ainda que saiba da necessidade e da importância do gesto, independente de gostar ou não do que faço, sempre senti o peso da volta à rotina… A liberdade que exerci nesses momentos – sem padrões, horários ou convenções – para determinar como utilizar o meu tempo (nem que seja para o completo ócio) é sempre um aspecto da minha vida que me fez questionar muitas escolhas que fiz ao longo dos anos.
Vivenciando o Tempo Comum deste Ano Litúrgico de 2022, olhamos à nossa volta no retorno à nossa rotina e não podemos ignorar as muitas situações que gritam por nossa atenção e atuação como cristãos; é verdade que elas não sumiram durante as “festas”, mas normalmente optamos por não vê-las ou não fazer nada para mudá-las neste período, geralmente utilizado para a “recarga das baterias” para o restante do ano.
Com tantos desafios que a realidade nos impõe – doença, pobreza, desemprego, egoísmo, falta de empatia e muitos outros -, uma palavra de conselho que sempre fui orientada a ter presente foi “coragem”.
E coragem, já mencionei isso antes por aqui, sempre foi algo que me faltou. O que sempre tive de sobra foi medo.
Não fosse suficiente o próprio Cristo nos lembrar, caminhando sobre o mar, que precisamos ter coragem para enfrentarmos os mares revoltos que se apresentam inesperadamente em nossas vidas, porque Ele está e estará conosco, também o Papa Francisco tem algumas palavras inspiradoras:
- Um importante detalhe, mas quase sempre esquecido pela maioria de nós, cristãos, expressado de forma direta e resumida: “A razão profunda da coragem do cristão é o Cristo” (mensagem enviada aos participantes do 42º Encontro pela Amizade entre os Povos, de 20 a 25/08/2021 em Rimini, na Itália, por intermédio do cardeal Pietro Parolin);
- Convidando os fiéis a pedirem ao Senhor a graça de viver as duas “transgressões” do trecho do Evangelho que narra a cura do leproso (o leproso que se aproxima, impuro, de Jesus, e Jesus que, movido pela compaixão, toca-o para curá-lo), ainda nos pede que vivenciemos “Aquela do leproso, para que tenhamos a coragem de sair do nosso isolamento e, ao invés de permanecer ali com pena de nós mesmos ou chorando nossas falências, ir até Jesus assim como somos. E depois a transgressão de Jesus: um amor que leva a ir além das convenções, que faz superar os preconceitos e o medo de nos envolver na vida do outro” (Mensagem do Angelus de 14/02/2021);
- Ainda, falando das vocações e vocacionados: “O Senhor sabe que uma opção fundamental de vida exige coragem. Ele conhece os interrogativos, as dúvidas e as dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza: ‘Não tenhas medo! Eu estou contigo!’… desejo que a Igreja percorra este caminho ao serviço das vocações, para que cada um possa descobrir com gratidão a chamada que Deus lhe dirige, encontrar a coragem de dizer ‘sim’, vencer a fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de louvor, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro” (Mensagem para o Dia Mundial das Vocações 2020).
Ufa! Fiquei cansada só de pensar que cada um de nós pode fazer tudo isso, cada um da sua maneira, no seu ritmo…
E aí… “bora” encarar 2022 com toda essa coragem?
Leila Denise