Caros irmãos e irmãs, Paz e Bem!
Neste final de semana, mais uma vez, somos convidados a nos alimentar da Mesa da Palavra e da Mesa da Eucaristia. Domingo é o dia do Senhor e também a nossa Páscoa semanal.
Na 1ª leitura, o profeta Isaías 58,7-10, apresenta uma amostra autêntica da pregação da justiça social. Assim diz o Senhor: “Reparte o pão com o faminto, acolhe em casa os pobres e peregrinos. Quando encontrares um nu, cobre-o […]”. Essas e outras recomendações sobre os deveres cristãos se repetem muitas outras vezes na Bíblia. Elas são a expressão concreta do amor ao próximo como fundamento da vida moral. Práticas como exercícios espirituais só tem sentido se o pano de fundo for o amor aos nossos irmãos. A declaração “Eis-me aqui” é a disponibilidade divina ao outro. E quer dizer: Deus aproxima-se daqueles que se aproximam do próximo. Bem como, Ele se faz presente para os que se abrem ao outro. Esta real presença de Deus é apresentada sob o símbolo da luz: “Se acolheres de coração aberto o indigente e prestares todo o socorro ao necessitado, nascerá nas trevas a tua luz e tua vida obscura será como o meio-dia”. Ou seja, será clara, límpida, sem reservas. E esta luz é a vinda da salvação messiânica profetizada por Isaías, para aqueles que por ela são iluminados.
A Liturgia da Palavra apresenta o tema da luz. No salmo ouviremos a resposta “uma luz brilha nas trevas para o justo, permanece para sempre o bem que fez”. E no Evangelho, ouviremos Jesus dizendo “Vós sois a luz do mundo”.
Na segunda Leitura da Primeira Carta de São Paulo aos Coríntios (2,1-5), Paulo explica a comunidade de Corinto que sua mensagem não era portadora de grandes prestígios. Segundo ele, sua palavra era uma demonstração do poder do Espírito, uma ação de Deus em que N’Ele se revelava. Esta ação de Deus é a salvação pela Cruz. Por isso, diante deste modo de ser de Deus, a sabedoria humana nada tem a contribuir, pois é o próprio espírito quem fala e conduz. A vida de Paulo e sua pregação não derivam, portanto, da eficácia humana, a única finalidade é ser comunicador e servir de veículo do testemunho de Deus e do Espírito Santo. A fé autêntica, de certo, não se baseia na sabedoria dos homens, mas no poder de Deus (v. 5). E o poder de Deus é a cruz de Cristo, manifestado e revelado a todas as gentes. O Evangelho de Paulo é o anúncio do mistério de Cristo crucificado. Ele foi apenas um instrumento para que se manifestasse a ação do Espírito Santo na comunidade cristã e no mundo.
O Evangelho é a continuação das bem-aventuranças de domingo passado. Um texto conhecido por todos nós que faz parte de um conjunto maior, o Sermão da Montanha. Podemos dizer que são ensinamentos para o bom seguimento de uma vida cristã, que depende de nossa aceitação ou rejeição de Jesus.
A imagem utilizada por Jesus ao falar do ‘sal’ e da ‘luz’, nos lembra nosso compromisso cristão perante nossa missão. Somos convidados a ser sal e luz perante obras que façam verdadeiramente a diferença, caso contrário, se perdermos o sentido, assim como o sal se perder o sabor, poderá ser dispensado, ‘jogado fora e pisado pelos homens’.
A luz não serve a si mesma, mas para iluminar todas as coisas. O sal não existe em si mesmo, mas em função do gosto dos alimentos. Assim devemos ser nós enquanto Igreja: estar a serviço da humanidade em sintonia com Jesus Cristo e o Espírito Santo.
Que assim seja! Amém.
Frei Augusto Luiz Gabriel, OFM