Chegamos ao 12º Domingo do Tempo Comum. No trecho de Lucas 9,18‑24, Jesus pergunta aos discípulos: “E vós, quem dizeis que eu sou?” Pedro responde com firmeza: “O Cristo de Deus.” Mas, na prática, quem é Jesus para você?Desde a Conferência de Aparecida, em 2007, somos desafiados a ser discípulos missionários: não meros espectadores, mas seguidores comprometidos.
Ser discípulo não significa apenas conhecer teorias ou repetir fórmulas; implica uma experiência profunda e pessoal com o Mestre – um conhecimento que resiste às provações, que não abandona a fé diante da adversidade.
Quantos de nós já nos vimos diante dessa pergunta evangélica e titubeamos? Somos rápidos em reconhecer milagres, mas lentos em assumir a cruz cotidiana. É fácil buscar Jesus em tempos de angústia, mas difícil deixá‑lo guiar nossas escolhas diárias.
Muitos frequentam a missa, participam de grupos e até comungam, mas a coerência entre crença e ação muitas vezes falha: promessas de amor e compaixão se perdem em atitudes individualistas ou utilitárias.O cristianismo autêntico, porém, não é “produto de prateleira”. Ele exige conversão contínua, formação permanente e envolvimento efetivo com as causas do Reino.
Quem conhece Jesus de verdade não muda de religião a cada modismo, pois permite que sua vida seja transformada. Isso se traduz em atitudes concretas: defesa da dignidade humana, solidariedade com os marginalizados, fidelidade na comunidade e coragem para denunciar as injustiças.O Evangelho de hoje nos alerta: seguir Jesus é abraçar um projeto revolucionário de amor – mas sem “descontos”. O “Filho do Homem” não veio apenas para confortar, e sim para servir e sofrer.
Negar‑se a si mesmo e tomar a sua cruz significa renunciar ao egoísmo e colocar dons e limitações a serviço do outro. É caminhar na contramão da cultura que exalta o “eu” e descarta o “nós”.Para aprofundar esse discipulado, precisamos alimentar nossa sede de Deus não em palavras vazias, mas em oração sincera, estudo atento da Palavra e em gestos de misericórdia. A formação permanente não é luxo de poucos; é urgência pastoral. Paróquias e comunidades devem ser espaços onde a fé se traduz em ação social, onde a caridade e a justiça caminham juntas.Por fim, este domingo nos desafia a uma resposta pessoal: quem é Jesus para você?
E, sobretudo, que tipo de discípulo você tem sido? Que possamos, a cada manhã, renovar nosso “sim” ao chamado do Senhor, deixando que o Cristo sofredor e ressuscitado molde nossa existência. Assim, não seremos apenas ouvintes da Palavra, mas artesãos de um mundo mais humano, solidário e fraterno.Que a pergunta de Jesus ecoe em nosso coração e transforme nossas atitudes: siga‑o com coragem, viva‑o com autenticidade e compartilhe‑o com alegria. Paz e bem!
Frei Felipe Carretta, OFM