Meu pai contava que uma de suas avós, que morava na casa deles à época, sempre lhe dizia isso cada vez que queria lembrar a ele sobre a importância de cultivar bons sentimentos.
Hoje temos a sensação que os bons sentimentos estão cada vez mais escassos: guerras “aos pedaços” espoucando pelo mundo afora, a ganância pelo poder e a violência dominando as mídias, os menos afortunados literalmente cada vez mais “pagando mais caro” pela sua sobrevivência, a polarização e a discriminação servidos a todos pela mídia como o “prato indigesto do dia” …
Dias atrás, alguém me perguntou “como acreditar em um Deus que permite a guerra, a injustiça, a pobreza, a discriminação, o desrespeito…?” – e me desafiou a dizer “o que faz cada cristão continuar acreditando nesse Deus que permite tanta coisa ruim no mundo?”; sem pensar muito, respondi clara e rapidamente: “a Esperança”.
Essa “Esperança” é o principal “alvo” do Ano Jubilar de 2025; não à toa o Papa Francisco a escolheu, pois necessária em todo o mundo – por motivos diversos e semelhantes –, ela hoje é responsável por canalizar boa parte dos bons sentimentos de um mundo melhor e mais justo, onde seja possível e palpável observar a força e a obra do Coração de Jesus.
Na abertura da Carta Encíclica “Dilexit Nos”, o Papa Francisco nos traz considerações “Sobre o Amor Humano e Divino do Coração de Jesus”, abrindo o documento: “1. ‘Amou-nos’, diz São Paulo referindo-se a Cristo (Rm 8,37), para nos ajudar a descobrir que nada ‘será capaz de separar-nos’ desse amor (Rm 8,39). Paulo afirmava-o com firme certeza, poque o próprio Cristo tinha garantido aos seus discípulos: ‘Eu vos amei’ (Jo 15, 9.12).Disse também: ‘Chamei-vos amigos’ (Jo 15,15). O seu coração aberto precede-nos e espera-nos incondicionalmente, sem exigir qualquer pré-requisito para nos amar e oferecer a sua amizade: Ele amou-nos primeiro (cf. 1 Jo 4,10). Graças a Jesus, ‘conhecemos o Amor que Deus nos tem, pois cremos nele’ (1 Jo 4,16)”. (24/10/2024)
Utilizando a lógica apresentada no título acima, é possível afirmar que o coração do “Francisco de hoje” está repleto de Amor, do mesmo Amor que o próprio Cristo Jesus fez questão de anunciar ao mundo como a Boa-Notícia de um Pai compassivo e misericordioso – e não vingativo e reativo como era compreendido no Antigo Testamento.
Não há como fugir de alguns questionamentos: “Temos Esperança em nosso coração?”; “Amamos nossos irmãos?”; “Há algo ou alguém capaz de nos separar do Amor de Cristo?”; “Amamos realmente a Cristo?”; “Podemos ser chamados de ‘amigos de Jesus Cristo’?”; “Exigimos algo em troca pelo nosso amor?”; “Conhecemos o Amor que Deus nos tem?” – e o mais “levinho” deles: “De que está cheio o nosso coração?”
Inevitável, ainda, deixar de nos questionarmos se, como diz o refrão da música “O Profeta”, isso faz parte de nossas vidas ou é apenas um desejo tímido e contido: “Tenho que gritar, tenho que arriscar, ai de mim se não o faço! Como escapar de Ti, como calar se Tua voz arde em meu peito?”
Leila Denise