“Vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres”

“Jesus olhou para ele com amor e disse: ‘Só uma coisa te falta: vai, vende tudo o que tens e dá aos pobres, e terás um tesouro no céu. Depois, vem e segue-me!’” (Mc 10,21). No Evangelho deste fim de semana, alguém se aproxima de Jesus e pergunta o que é necessário para alcançar a vida eterna. A resposta é simples: observar os mandamentos. No entanto, o jovem afirma que já os cumpre, e então Jesus revela o último passo: “Vende tudo o que tens.”

Mas o que significa “vender tudo o que tens”? São Francisco de Assis, em um primeiro momento, tomou essa ordem de forma literal, vendendo tudo e doando aos pobres, o que até causou sua expulsão de casa. No entanto, com o tempo, ele compreendeu que essa atitude está profundamente ligada ao despojamento.

Despojar-se significa renunciar não apenas a bens materiais, mas também aos apegos às pessoas e a si mesmo. É um desapego radical, uma entrega à providência divina. Hoje, quero refletir sobre o despojamento a partir das palavras de Santa Teresinha: “Não me suporto, ó Deus! Faze-me santa, que teus braços sejam o elevador que levará minha alma ao céu.”

O despojamento é, em essência, esse “não suportar-se”. É reconhecer que não somos capazes de sustentar nossa própria vida. Precisamos de algo maior, de um suporte divino, inclusive para sermos santos. Nós não conseguimos ser santos por nós mesmos; é Deus quem nos faz santos. São os braços de Nosso Senhor Jesus Cristo que nos elevarão aos céus, pois sozinhos não conseguimos chegar lá. Esse reconhecimento é o verdadeiro desapego.

Quando Jesus pede ao jovem que venda tudo e dê aos pobres, é para que ele entenda que não pode sustentar-se sozinho. Ele precisa fazer a experiência de ser “pobre”, de não ter suportes humanos, para que Deus possa operar a santidade em sua vida.


Frei Jhones Lucas Martins

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