Ainda ecoando a última CFJ realizada em julho de 2024 em Sorocaba/SP, gostaria de compartilhar com vocês leitores algumas marcas deixadas pela espiritualidade vivida naqueles dias.
Por vezes Deus nos surpreende com suas sutilezas, e uma delas foi narrada nos últimos quilômetros por Severina de Duque de Caxias/RJ. Ela narrou a experiência que teve na casa da Dona Marli de Sorocaba, onde ficou hospedada. Na noite anterior, ao chegar na casa com mais alguns caminheiros, essa senhora, Dona Marli que morava sozinha, chamou individualmente um a um, a um cômodo da casa, e ali fazia alguma ação que deixava quem voltava emocionado. E pedia que não contasse aos demais que aguardavam na sala. Severina, curiosa pelo que acontecia naquele cômodo, aguardou. Quando foi chamada, disse que ficou comovida ao chegar e ver, Dona Severina, de idade avançada, agachada ao chão, com uma bacia com água e toalha nos braços para lavar os pés daqueles que caminharam por mais de 25km naquele dia. O cansaço abriu espaço para a vulnerabilidade das emoções, e logo, espaço para Deus agir naquele singelo e profundo gesto. Como poderia uma senhora, com tamanhas dificuldades na vida lavar os pés dos caminheiros? Qual seria o tamanho da humildade daquela mulher que se fez serva do Senhor? Como significar aquele momento senão como o cuidado de Deus na vida daquelas pessoas?
Deus deixa suas marcas, deixou na vida de Francisco de Assis, aquele jovem que tanto amou, um homem que recebeu impressa em sua carne os estigmas do amor de Cristo por nós. Esse mesmo amor me deixou marcada ao escutar essa forte história do amor de Dona Marli, por Severina e pelos outros caminheiros.
Nosso colega Fernando do Conexão também contou sua experiência na CFJ:
“Para mim, a Caminhada Franciscana da Juventude foi um momento de autoconhecimento e espiritualidade. Ao percorrer os 30 km, tive a chance de desacelerar e fazer as pazes com minha ansiedade, entendendo que Deus se revela nas pequenas coisas. Percebi que minha natureza introvertida e o fato de valorizar minha própria companhia e que são aspectos fundamentais de quem eu sou, e que isso não é ruim também.
Durante a caminhada, senti a presença constante de São Francisco, como se ele estivesse ao meu lado em cada passo me dando forças. Em momentos de dificuldade, ele me desafiava a reconhecer a importância dos pequenos confortos, como um lugar para descansar ou um banho. Esses desafios foram oportunidades para valorizar as coisas simples da vida e ver Deus em cada detalhe.
Ao final do percurso, senti um novo entendimento sobre a minha fé e conexão com Deus percebi que preciso agradecer a ele em todos os momentos e reconhecer na simplicidade a sua presença.”