A sugestão do Papa Francisco para uma boa reunião

Imagine você participar de uma reunião onde o coordenador da mesma estabelece o seguinte: a cada cinco partilhas de ideias, vamos fazer três minutos de silêncio. A pessoa que sugeriu isso foi o Papa Francisco. E ele pede que isso seja feito nos sínodos. Depois de 5 participações, três minutos de silêncio. Segundo o Papa esses três minutos é para deixar que o Espírito fale.Esse exercício é um desafio para muitos de nós.

Pois como humanos um tanto prepotentes, logo queremos responder tudo, falar sobre tudo, e pouco deixamos de tempo para que o Espírito fale conosco.

O Papa ao propor essa dinâmica nos recorda que precisamos deixar o Espírito agir.

E muito oportuna é a ideia de muitos lugares de colocar como símbolo do Espírito o fogo. Este elemento da natureza tem quatro propriedades: ele queima, purifica, aquece, ilumina. Do mesmo modo o Espírito Santo queima os pecados, purifica o coração, aquece o coração frio e ilumina o caminho para o discernimento.

E também o fogo não tem corpo.

Não é possível pegá-lo na mão. Mas ele assume a forma do que queima, ele até ás vezes muda de cor dependendo do que está queimando. Assim o Espírito não tem corpo, mas dá vida a um corpo, ele transforma aquele que possui e se revela por meio dele. Assim, o Espírito se espalha na Igreja. Ela se deixa transformar por Ele, que dá a vida aos cristãos, infundindo os dons. E a mesma Igreja clama na Oração Eucarística: “o Espírito nos uma num só corpo”. Embora tenhamos dons diferentes, as nossas diferenças podem ser unidas pelo Espírito. Basta que percebamos: olha quantas pessoas estão aqui. Cada uma com sua história, seu dom, sua capacidade de mostrar a face amorosa de Deus. Olhemos para as nossas famílias: quantos dons estão dentro das nossas casas? Pessoas capazes de fazer coisas tão diversas, mas que se se unirem num só propósito, farão grandes obras de amor!

E o Espírito dado por Cristo impele à missão: “como o Pai me enviou, assim também eu vos envio”. Sendo assim, o Espírito não é coisa para guardar. Embora devamos ouvir sua voz, o dom que recebemos não deve ficar aprisionado no nosso egoísmo. Devemos partilhar e anunciar nas diversas línguas dos dons que temos. Assim como na primeira leitura, poderemos falar as várias línguas tão necessárias em nossos tempos: a linguagem da caridade, o amor, do respeito, da paz. E para finalizar, sobre essa dimensão, eu gostaria de tomar a liberdade e pedir para Santo Antônio terminar essa reflexão. Ele muito bem expressou sobre o Espírito Santo, e eu gostaria de utilizar as suas palavras que, mesmo 800 anos depois, são extremamente oportunas:


“Quem está cheio do Espírito Santo fala várias línguas. As várias línguas são os vários testemunhos sobre Cristo, como a humildade, a pobreza, a paciência e a obediência; falamo-las, quando mostramos aos outros estas virtudes na nossa vida. A palavra é viva, quando falam as obras. Cessem, portanto, as palavras e falem as obras.De palavras estamos cheios, mas de obras vazios; por este motivo nos amaldiçoa o Senhor, como amaldiçoou a figueira em que não encontrou fruto, mas somente folhas. Diz São Gregório: «Há uma norma para o pregador: que faça aquilo que prega». Em vão pregará os ensinamentos da lei, se destrói a doutrina com as obras. Mas, os Apóstolos falavam conforme a linguagem que o Espírito Santo lhes concedia. Feliz de quem fala conforme o Espírito Santo lhe inspira e não conforme o que lhe parece! Falemos, portanto, conforme a linguagem que o Espírito Santo nos conceder; e peçamos-lhe, humilde e devotamente, que derrame sobre nós a sua graça, para que possamos celebrar o dia de Pentecostes com a perfeição dos cinco sentidos e a observância do decálogo, nos reanimemos com o forte vento da contrição e nos inflamemos com essas línguas de fogo que são os louvores de Deus, a fim de que, inflamados e iluminados nos esplendores da santidade, mereçamos ver a Deus trino e uno”.


Frei Gabriel Dellandrea

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