Dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Comércio Transatlântico de Escravos!
Dia 25 de março, foi o dia Internacional em Memória das Vítimas da Escravidão e do Tráfico Transatlântico de Escravos, instituído em 2007 pela ONU para ser comemorado, homenageando aqueles que sofreram e morreram em decorrência do comércio de escravos no Atlântico, onde mais de 15 milhões de pessoas foram vítimas ao longo de 400 anos de história.
Infelizmente, a escravidão não se resume somente a estes 400 anos onde tantos morreram, mas a história da escravidão vem de tempos antigos, aparecendo por exemplo no famoso Código de Hamurabi, que foi escrito por volta de 1.172 A.C., como uma instituição. Passando milênios, a escravidão, no mundo foi totalmente extinta formalmente, pasmem, no século XX, em 1981, com a abolição na Mauritânia, onde se tornou crime somente em 2007.
Este ano, a data caiu no início da Grande Semana, a Semana Maior, o que para mim, diz muita coisa sobre a luz e os olhos que precisamos colocar sobre este tema que é tão importante e deveria ser extremamente caro a todos nós. A cada pessoa escravizada, retirada de sua família, de seus amigos, de sua vida, Jesus é açoitado mais uma vez pela maldade de tantos que encontram em si uma superioridade capaz de achar algum direito de subjugar o outro, que é seu igual, quando os interesses são poder e dinheiro.
A formalidade que extinguiu a escravidão no mundo não conseguiu acabar com ela na prática: a cada ano, 2021 por exemplo, cerca de 50 milhões de pessoas vivem em situação de escravidão no mundo, das quais, mais de um milhão estão no Brasil, segundo a OIT. Em 2023, no Brasil, foram resgatadas pelo menos 3.190 pessoas em condições análogas à escravidão pelo Ministério do Trabalho e Emprego, onde a maioria dos resgatados o foram na região sudeste do país.
Números alarmantes que representam vidas ceifadas pela falta de liberdade, sempre enganadas na esperança de uma vida melhor para suas famílias e um futuro, que terminam em lugares insalubres, sem direito de sair, com dívidas imensas e ameaças que os fazem ficar presos à situação, literalmente. As vezes também, acontece muito, sutilmente, nos centros urbanos, no empregado que “é quase da família”, mas não tem salário e nem benefícios que o lembre de que é uma pessoa digna, com direitos a serem respeitados, e em tantos setores da economia que ainda se utilizam dessa prática para obter lucros imensos em detrimento da vida alheia.
O tempo todo, precisamos nos lembrar, como humanidade, que todos somos iguais, não só na lei, e nos documentos que foram redigidos para assegurar atrocidades, mas na realidade. É preciso lembrar sempre, por que esquecemos com muita facilidade esse princípio que nos faz ser de fatos dignos de ser chamados seres humanos. É preciso lembrar, para não repetir.
Nesta semana que chamamos de Semana Maior, Semana Santa, fazemos memória daquele que veio para nos dar vida, e vida em abundância e está vivo. Cristo nos ensina que não há vida plena, enquanto existir alguém privado do maior presente que ele nos deu: a liberdade. Ele veio nos tirar da escravidão do pecado e da morte, e não é permitido a alguém que experimentou a vida de Cristo compactuar com a morte que vem do pecado do egoísmo de se sentir superior ao irmão, a ponto de tirar sua liberdade.
Que ele possa libertar a todos aqueles que hoje estão nesta situação degradante, e que possa também libertar a nós, abrindo nossos olhos para a realidade ao nosso redor, nos dando também coragem para denunciar as situações onde pessoas são tratadas como meros objetos. As denúncias são fundamentais para que essas práticas percam a força, e a vida possa renascer em tantos que perderam a esperança.
Que cada pessoa, que custou o sangue de Jesus na Cruz, possa também ser cara a todos, sem distinção.
Que a vida seja abundante para todos, livres, como Deus nos criou. Santo Tríduo Pascal a todos e Feliz Páscoa!
Ana Karenina Cunha