“Haverá choro e ranger de dentes” (Mt 13,42; 24,51; e outras)

Quando criança, lembro que cada vez que ouvia esta frase ficava imaginando que seria muito ruim estar no inferno – porque nunca gostei de chorar por motivos tristes ou ruins, e sempre ouvi minha madrinha reclamando comigo porque, à noite, durante o sono, principalmente quando eu estava muito cansada, costumava ranger meus dentes e não a deixava dormir (dividimos o quarto até ela falecer, quando eu tinha quase trinta anos) …

Ranger os dentes, ao menos quando eu estava acordada, sempre foi para mim sintoma de angústia e dor, de sofrimento contido, de tristeza descontrolada que não pode gritar por auxílio; acompanhado de choro, então, só me fazia lembrar coisas e sentimentos muito ruins…

Tenho um amigo (não lembro se já o citei aqui ou não) que costuma dizer que não gosta de ir à Igreja porque os padres fazem questão de dizer que todos somos pecadores, e o fazem repetidamente inclusive durante a missa – e que não lhe faz bem ouvir isso, até porque entende que Jesus Cristo deixou também outros ensinamentos. Recordo-me de que, naquela oportunidade, falei (em uma argumentação bem mais extensa, é verdade) que o que Deus mais quer para todos nós é o exercício da misericórdia, seja com aqueles que convivem conosco, seja conosco mesmos.

Inevitável, porém, é a constatação do ensinamento do próprio Cristo: essa situação incômoda e indesejada só é possível se, através do uso do livre arbítrio deixado pelo Criador, essa pessoa resolver ignorar os ensinamentos da Fé, deixando de lado a obediência à Palavra proclamada pelo próprio Cristo em sua passagem aqui na Terra.

O Papa Francisco nos tem um ensinamento valioso sobre a obediência: “O cristão é testemunha de obediência, como Jesus que disse ao Pai: eis um corpo, eu venho para fazer a tua vontade; como Jesus que no horto das oliveiras pediu ao Pai que afastasse dele aquele cálice “mas seja feita a tua vontade, não a minha: eu obedecerei. O cristão é testemunha de obediência e, se nós não seguirmos este caminho de crescer no testemunho da obediência, não somos cristãos. Por conseguinte, é preciso enveredar por este caminho a fim de sermos deveras testemunhas de obediência, como Jesus. Eis por que o cristão não é testemunha de uma ideia, de uma filosofia, de uma empresa, de um banco, de um poder, mas é testemunha de obediência, como Jesus… isto pode fazê-lo somente o Espírito Santo, porque tornar-se testemunha de obediência é uma graça do Espírito Santo: é Ele que realiza isto… é do alto que vem isto, é do Espírito: Jesus, ungido pelo Espírito, traz a boa nova… só o Espírito pode transformar o nosso coração e pode tornar-nos testemunhas de obediência: é uma obra do Espírito e devemos pedi-la, é uma graça a ser pedida: ‘Pai, Senhor Jesus, enviai-me o vosso Espírito para que eu me torne testemunha de obediência’, ou seja, cristão” (Capela da Casa Santa Marta, 27/04/2017).

A nós, cristãos e franciscanos, restam duas opções: a obediência aos ensinamentos de Cristo, fortalecendo a busca do Reino; ou cada um de nós fazer o que somente nos satisfaz apenas a si mesmo, sem pensar no Bem Comum, correndo o alto risco do “choro e ranger de dentes”.

E aí, qual das opções estará vinculada à tua obediência, jovem?

Leila

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