“Eu tenho muitas coisas a dizer e julgar a respeito de vocês”

Acredito que, assim como eu, alguns de vocês às vezes se perguntam “De onde veio isso que nunca li na Bíblia ou ouvi na missa?”. Confesso que, há poucos dias, quando li esse pedacinho de versículo, foi o primeiro pensamento que tive… 

O segundo pensamento foi mais inquietante: “Se Cristo voltasse ao nosso convívio hoje, com certeza Ele a diria novamente sobre os dias atuais”.

Mas o terceiro ainda superou no quesito inquietação: “O que Ele diria hoje e julgaria a nosso respeito?” E, ao me fazer esta pergunta, veio uma “avalanche” de imagens mentais, palavras ditas e ouvidas vida afora, notícias e manchetes dos mais diversos tipos; músicas (“de Igreja” ou não) falando sobre o tão temido e desejado “com distância” dia do julgamento final…

Temos a “mania”, a necessidade, de separar e “rotular” tudo e todos, desde os que estão próximos de nós até os mais distantes povos da Terra, dos pobres invisíveis às celebridades “inalcançáveis”, dos “caretas” aos “de vanguarda”, dos estultos aos mais letrados, dos matutos aos cosmopolitas, dos justos aos hipócritas, dos “tementes a Deus” aos “à toa”, dos feios aos belos… 

E qual seria a “classificação” que Jesus faria quando chegasse para o Julgamento?🤔

No Evangelho de Mateus, Ele nos dá uma “pista”, a prática das “Virtudes Evangélicas” (Mt 25,35-40): dar comida aos famintos, dar bebida aos sedentos, acolher o estrangeiro, vestir os nus, visitar os doentes e os presos.

Segundo o livro do Apocalipse (20,12), seremos julgados por nossas obras, que estarão registradas “no livro da vida”.

O Papa Francisco, durante a pandemia, também falou sobre este tema:

“Jesus identifica-se não só com o rei-pastor, mas também com as ovelhas perdidas. Poderíamos falar como de uma ‘dupla identidade’: o rei-pastor, Jesus, identifica-se também com as ovelhas, ou seja, com os irmãos mais pequeninos e necessitados. E assim indica o critério do juízo: ele será assumido com base no amor concreto, concedido ou negado a essas pessoas, porque Ele próprio, o juiz, está presente em cada uma delas. Ele é juiz, Ele é Deus-homem, mas Ele é também o pobre, está escondido, encontra-se presente na pessoa dos pobres, que Ele menciona precisamente ali… Seremos julgados sobre o amor. O julgamento será sobre o amor. Não sobre o sentimento, não: seremos julgados sobre as obras, sobre a compaixão que se faz proximidade e ajuda atenciosa”. (Angelus, Praça São Pedro, 22/11/2020).

Necessário revermos nosso “caderninho da vida inteira” e analisarmos se o amor vivenciado e transmitido por Jesus Cristo é parte integrante de nossos sentimentos e nossas atitudes, se Ele é companheiro da misericórdia que o mesmo Jesus demonstrou como sendo a faceta mais doce desse amor do Pai por nós no nosso dia-a-dia e se esses atos são resultado do amor ou dos olhos atentos do nosso próximo (que normalmente costuma julgar-nos)… 

O que Jesus teria a dizer hoje sobre cada um de nós, e como nos julgaria?

Fiquemos alertas e preparados!


Leila Denise

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