“Vida plena é vida para todos”

Caros irmãos e irmãs, estimados jovens franciscanos, Paz e Bem!

Neste final de semana celebramos o 6º Domingo do Tempo Comum. O Evangelho, que significa “Boa-Notícia”, nos apresenta mais uma vez o convite à conversão em vista de uma vida plena.

Na 1ª leitura, de Eclesiástico 15,16-21, ouvimos um relato de sabedoria e de liberdade. Palavras como “se quiseres” “o que preferir”, estão contidas neste texto bíblico, que indica para um caminho de observância dos mandamentos, guiado pela ‘lei’ da consciência e pela lei natural. Ou seja, se observarmos os mandamentos eles nos guardarão, se temermos o Senhor Deus, Ele nos guardará. Deus nos concede liberdade para escolhermos o caminho dos justos ou dos ímpios. A escolha entre o bem e o mal parte de cada um de nós e isso se revela nas pequenas coisas do dia a dia. Já dizia meu mestre de Noviciado: “Se formos fiéis no pouco, seremos também no muito”.

No Salmo Responsorial 118 (119), o salmista insiste nesta temática: “Feliz o homem sem pecado em seu caminho, que na lei do Senhor Deus vai progredindo”. Oxalá seja bem firme nossa vida, para cumprir os mandamentos e ensinamentos do Senhor.

A 2ª leitura, da Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 2,6-10), Paulo confronta a sabedoria dos homens com a sabedoria de Deus. A incapacidade dos homens de entender a sabedoria divina fez com que o Senhor da glória fosse crucificado pelos homens, pois se tivessem conhecido tamanho entendimento, não teriam pregado na cruz Jesus Cristo. Entretanto, a revelação da sabedoria do Pai ensina que Deus quis salvar a humanidade pela crucifixão de Jesus. Era e é uma sabedoria em mistério somente acessível a Deus e por Ele guardada em segredo desde a eternidade. Porém, “para nossa glória”, isto é, para a nossa salvação, Ele a revelou ao nos fazer participantes da glória do Senhor crucificado e ressuscitado.

No Evangelho (Mt 5,17-37), o evangelista Mateus apresenta mais uma parte do Sermão da Montanha. Há três domingos estamos refletindo sobre os ensinamentos de Jesus que começaram com as bem-aventuranças, que são o portal de todo o Sermão e os valores que fundamentarão todo o Evangelho. 

Jesus não veio para abolir a Lei e os Profetas, mas “para dar-lhes pleno cumprimento”. Segundo o exegeta Frei Ludovico Garmus, o evangelho de hoje aprofunda o sentido dos mandamentos. Para Jesus eles apontam para a dimensão mais profunda da vontade de Deus, da qual são uma pálida expressão. Jesus exige mais do que a simples observância material da Lei.

Cristo é a realização e o pleno cumprimento das Promessas do Antigo Testamento e dos Profetas. Ele mostra claramente que a Lei Antiga foi superada pela nova Lei. E que lei são essas? A vivência do Evangelho. E Ele é radical e direto: 

“Se o teu olho direito é para ti ocasião de pecado, arranca-o e joga-o para longe de ti! De fato, é melhor perder um de teus membros, do que todo o teu corpo ser jogado no inferno. Se a tua mão direita é para ti ocasião de pecado, corta-a e joga-a para longe de ti! De fato, é melhor perder um dos teus membros, do que todo o teu corpo ir para o inferno”

Outro destaque deste Evangelho é o temática do perdão. Agrada mais a Deus a reconciliação com o irmão do que as ofertas que lhe são oferecidas no culto. A justiça ou acontece por inteiro ou não existe. O critério aqui é o amor aos irmãos, até mesmo os mais difíceis. Jesus apresenta cenas do dia a dia para que todos nós possamos ser mais sensíveis aos nossos irmãos e irmãs. Ele lança o convite, nos desafia e nos provoca a nos convertermos para uma plenitude de vida, mas sem exclusão e sim com inclusão. Vida plena é vida para todos! 

Frei Augusto Luiz Gabriel, OFM

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