Nesta frase, entoada pela banda Jota Quest, numa canção que a tem por título, está uma sabedoria que nos ajuda a entender bem aquilo que vamos ouvir no Evangelho deste domingo. Para início de conversa, é bom situar que a religião que Jesus vivenciava em seu tempo era bastante normativa: tudo era a base de regras e normas. Era só cumprindo essas leis que alguém poderia ser perfeito ou não. Por isso, foi do interesse do mestre da lei conversar com Jesus justamente sobre isso.
A resposta de Jesus não vai na contramão do seu tempo, mas traz um novo sentido. Ao invés de colocarmos o nosso coração no cumprimento de muitas leis, para nos sentirmos perfeitos, Jesus diz que é necessário sim viver a Lei, mas focar na mais importante: amar a Deus e ao próximo. Diante de Deus, a partir dessa lei, não vamos apresentar quantos terços rezamos ou se comemos peixes às sextas. Mas vamos apresentar um coração que ama, que é capaz de fazer gestos em nome do amor, e por isso, em nome do amor, rezamos terços e fizemos jejuns, não como as coisas mais importantes, mas como a resposta ao amor.
E isso nos ajuda a entender, quando o mestre da lei fala a Jesus que amar a Deus e ao próximo é melhor do que holocaustos e sacrifícios. Fazer coisas por fazer não nos preenche. O que dá realmente sentido à nossa vida é a nossa disposição de amar a Deus e ao próximo. E por isso, realizamos muitas coisas. E, nesse caso, vamos realizar muitos sacrifícios! Vamos sacrificar muitas coisas, mas não pelo sacrifício em si, mas sim pelo amor e em nome do amor. Assim, como uma mãe sacrifica uma noite de sono completa para amamentar o seu bebê. Ela não faz isso só por fazer, até porque ninguém gosta de ser acordado à noite, mas ela faz esse sacrifício pelo amor de ser mãe.
Isso que vamos levar dessa passagem por esta terra. Costumo dizer nos velórios que faço que o caixão não tem gavetas. Não levamos nada de bens materiais ou títulos e posses. Muito menos levamos um insta cheio de seguidores. O que levamos é o amor que transbordamos ao próximo e a Deus. Essa é a missão do cristão: cada dia mais, com os acertos e erros, procurar amar a Deus e ao próximo até que, um dia, possamos oferecer a Deus, na plenitude da vida, aquilo que de mais nobre se pode dar: o amor
Paz e bem!
Frei Gabriel Dellandrea