Presença Fraterna: A importância de ser estando

Paz e Bem irmãos e irmãs. Neste texto gostaria de partilhar com vocês sobre o tema da presença fraterna: a importância de ‘Ser Estando’. 

Quando vivemos a serviço por longos períodos tendemos a entrar no tão chamado “piloto automático” e isso interfere de diversas formas em nossas relações. Lugares que gostávamos de ir não nos animam mais, as companhias já não tiram mais de nós os mesmos sorrisos, nem mesmo as músicas que a gente gosta nos animam.

Será que estamos aqui?

Apesar da importância do irmão na constituição do sujeito e na formação do laço social ser de grande importância, somente por volta do ano 2000 os autores contemporâneos passaram a mostrar um interesse maior pelo estudo da relação fraterna. Grande parte desses estudos, entretanto, se dedica mais à competição e rivalidade do que à boa convivência e solidariedade. Francisco em sua época, por outro lado, também respondia esses questionamentos.

Será que vivemos fraternalmente aqui?

No artigo “A utopia da Fraternidade”, de Frei Almir Guimarães, podemos perceber que só depende de nós a construção de uma relação fraterna sadia que não romantiza as dificuldades diárias da convivência, mas supera com o outro em busca da unidade.

Às vezes, podemos pensar que não é difícil – devemos sempre fazer o bem, não julgar, acolher ao próximo… Todos estes gestos foram intensificados para nós, seres fraternos nos últimos tempos.

A pandemia nos tirou muita coisa. Nos tirou a presença dos encontros, o abraço caloroso, a união entre os irmãos, os almoços em família, as festas das crianças, as festas de casamentos, as nossas idas à igreja, à escola, e todas as coisas que passamos a dar mais valor devido ao isolamento.

Hoje, nós, nos unimos para levar comida aos que têm fome, cobertores e roupas aos que passam frio, lutamos para que todos possam superar a dificuldade da pandemia de forma digna desde o início dos fechamentos, só que como dito anteriormente, acabamos entrando no automático e deixamos de fazer muitas vezes o necessário.

Estamos fazendo aqui?

Na busca do novo, do imediato, colocamos nosso foco e força em projetos que aparecem, e que muitas vezes, com novos nomes, acabam por ser uma releitura daquilo que nos comprometemos a fazer anteriormente. E então acabamos não estando em lugar algum!

FRATERNO

adjetivo

1. 1. relativo ou pertencente a irmãos; fraternal.” vínculo f.”

2. 2. afetuoso, amigável, cordial.

Foto: Richard Ferrari

Como podemos ser afetuosos, amigáveis, cordiais se deixamos nossos compromissos para assumirmos o mesmo compromisso de uma nova forma?

A juventude tende a cansar daquilo que já faz. Na sociedade atualmente o movimento de desprendimento pelo compromisso é um fato, se vive a vida com LIBERDADE, e está, muitas vezes deixa o outro na mão.

Não quero aqui dizer que é preciso permanecer em relações que são tóxicas, mas é preciso que as decisões que tomamos devido ao nosso tempo na história sejam revistas. Não é mais possível ser tão líquido. O compromisso de ser é estar totalmente de, corpo, mente, espírito a serviço do irmão.

E o serviço fraterno fundamenta-se na consciência da recíproca dependência, da mútua necessidade e da superação da autossuficiência individualista.

“A fraternidade se realiza quando deixamos de ser indivíduos e passamos a ser pessoas, ou seja, quando se entra em relação, porque a pessoa nasce e se desenvolve nos relacionamentos, na consciência do próprio valor e do valor dos outros, na reciprocidade do dar e receber, no ter cuidados e no confiar-se, na partilha e na gratidão”

Frei Almir Guimarães

Ser Presença Fraterna é percorrer o Itinerário Franciscano. Nossa fraternidade não se fecha em si mesma, prefigura e anuncia, apesar de nossas fraquezas, o dia em que o Povo de Deus, reunido na Unidade, será por Cristo, apresentado ao Pai.

Um abraço fraterno!

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