“A arte como instrumento de evangelização”

A coluna do “Em Fraternidade” recebe o jovem franciscano Brener Pereira, natural de Nova Granada (SP), para falar sobre a evangelização através da arte. Amante da arte, Brener define-se como um artista desde o ventre de sua mãe, a dona Nice. Formador em dramaturgia, professor de dança, coreógrafo, também é graduado em fotografia e pós-graduado em danças educacionais.

Para ele, fazer arte é muito mais do que um hobby, hoje é também uma profissão. “Transformou meu jeito de ser Igreja e de enxergar o próximo como ser humano sedento do amor de Cristo e me fez um dia escolher esse caminho da arte também como profissão”, ressaltou.

“Dançar, atuar e comunicar, sempre foi o meu papel, e entender esse chamado também na minha vida cristã é hoje para mim um selo de confiança entre eu e Deus”, revelou.

Brener Pereira e Mariana Rogoski na MFJ de Curitiba (PR), 2016. Foto: Frei Augusto.

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Eu acredito que você já teve o prazer de presenciar alguma apresentação artística, seja dentro de uma Igreja, em algum encontro de jovens, no museu, no teatro, ou até mesmo em um semáforo. Saiba que, nós artistas, gostamos de estar junto com o povo, seja no palco, na tv, em um calçadão ou até mesmo no altar, pois, o encontro com o espectador é o que nos faz acreditar no poder que a arte tem de transformar e fazer os olhos daquele que assiste brilhar.

Desde a pré-história é notável o uso da arte como forma de comunicação, e com o passar do tempo essa arte foi se inovando, se consolidando e dando oportunidades de expressões diferentes. Vemos arte em tudo, desde os quadros valiosos de Jesus pintado pelos artistas famosos e encomendados por reis Europeus para os grandes palácios, desde a dança africana usada para cultuar Deuses em terreiros simples, até as gigantescas estátuas do Egito construídas há tantos anos que até hoje tem seus mistérios.

Você já se perguntou por que a arte chegou e encantou a nós, cristãos? Essa pergunta se torna válida e grandiosa quando conseguimos enxergar a nossa fé compartilhada com o irmão, com aquele que transmite Jesus sem ser um consagrado, ou até mesmo um representante de determinada doutrina. O irmão, seja ele consagrado ou não, artista ou não, também tem o poder de evangelização e a autenticidade de ser Igreja, de levar Cristo e testemunhar seu amor, seja dançando, atuando, partilhando a palavra, nos atos de caridade e de tantas outras formas que temos de levar a Cristo. E os artistas são a chave fundamental nesse processo lindo de evangelização, pois a arte que transforma o espectador, é também a arte que cura, que ama e que transcende o Cristo ressuscitado.

Brener foi quem criou a coreografia do 1º Flash Mob da MFJ de Curitiba (PR), 2017. Foto: Frei Augusto.

Eu posso dizer com o coração cheio de amor que ser um “artista cristão” ou um “cristão artista” transformou meu jeito de ser Igreja, de enxergar o próximo como ser humano sedento do amor de Cristo, e me fez um dia escolher esse caminho da arte também como profissão.

O que me faz querer a cada dia mais ser um artista na evangelização é saber que a minha arte que transforma o outro também pode ser um canal de graça, um meio de chegar no coração do irmão, e assim, curar, amar, atingir talvez o que a palavra não atingiu. Meu papel como artista na evangelização é mais nas artes cênicas, e especificamente na dança e no teatro. Lembro como se fosse hoje, o primeiro convite que recebi para participar de uma peça de teatro em um encontro de Jovens da minha Paróquia São Benedito de Nova Granada (SP), a quem agradeço imensamente por ter sido meu berço da evangelização e do meu caminhar como cristão. Lembro que ser artista na Igreja foi mais fácil para mim, pela questão de uma visão antiga e as vezes até preconceituosa do papel do homem na arte, e, quando era para servir a Deus eu era “mais aceito”, e foi assim que me senti mais livre para levar adiante minha missão nesse mundo como artista.

Brener como Willie Brown em “A Encruziliada”., peça teatral da MFJ Curitiba 2016. Foto: Frei Augusto.

O apoio do seu pároco é algo primordial nesse processo do seu ministério na sua Igreja, e tenho como referência nesse quesito, o querido e amigo Padre Gonzaga, hoje Pároco em São José do Rio Preto (SP), na Paróquia Santa Terezinha, que apoiava o nosso Ministério de Artes em todas nossas atividades e planejamentos voltados a evangelização da juventude. Dançar, atuar e comunicar, sempre foi o meu papel, e entender esse chamado também na minha vida cristã é hoje para mim um selo de confiança entre eu e Deus, e saber que, Ele me aceita do jeito que sou e com a minha forma de evangelizar me faz acreditar ainda mais que posso ir além de tudo aquilo que um dia imaginei na minha vida dentro da Igreja.

Ao dançar ou atuar, seu corpo se torna instrumento único e exclusivo de Cristo. Sendo assim, você precisa se desfazer de todos os status que a arte traz, de todos vícios que o corpo possa ter, e de todo coração orgulhoso que você possa estar, e esse despojar é o que o espectador, seja ele cristão ou não, espera encontrar para se transformar, aceitar o Evangelho que através da arte foi pregado, conhecer o Cristo que no palco foi mostrado e assim, quem sabe, também sentir o chamado de ser um artista na evangelização! E você, jovem ou não, já teve sua experiência com algum tipo de arte na evangelização? Uma boa reflexão, Paz e Bem!

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