Povo sacerdotal

Para a reflexão de hoje, convido meu confrade Frei Josemberg que irá explicar para nós o que seria a expressão povo sacerdotal, acompanhemos!

Caríssimos irmãos, reparemos que esta expressão “povo sacerdotal”, é a ponte que liga as leituras de hoje. Na primeira leitura, Deus, criador do gênero humano, nos deixa livres para escolhermos se queremos segui-lo. Contudo, quem aderir ao seguimento, ouvindo a sua voz e guardando a sua aliança, será parte da porção escolhida como Povo de Deus, um reino de sacerdotes. O sacerdote é um ministério de mediação entre Deus e o povo. Logo, um povo sacerdotal se torna mediador entre Deus e as outras nações. Esse povo, seguindo a Lei (aliança) se torna também santo, participando da santidade daquele que é três vezes Santo.

Com a vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo, esta aliança chega a sua plenitude. No Evangelho, doze homens dentre os discípulos são constituídos Apóstolos. O antigo povo escolhido constava de doze tribos, agora, doze homens formam o fundamento do povo novo. Estes são enviados às ovelhas perdidas de Israel. De início, a missão de Nosso Senhor não foi junto aos pagãos, samaritanos e outros povos, mas aos marginalizados da religião de Israel. Após a sua Morte e Ressurreição, os Apóstolos são impelidos pelo Paráclito a levar a salvação de Cristo a todos os povos. 

A preocupação de Jesus descrita neste Evangelho era justamente as ovelhas sem pastor. Neste novo povo de Deus ninguém pode se sentir rejeitado como uma ovelha sem pastor. Todos nós pecadores somos os que necessitamos deste pastoreio, e é preciso se aproximar das pessoas em sua situação de vida: as ovelhas perdidas.

Por isso a segunda leitura ajuda a fortalecer esse mistério, ao afirmar que “a prova de que Deus nos ama é que Cristo morreu por nós, quando éramos ainda pecadores”. A comunidade dos discípulos é essencialmente amada por Deus. Por isso, essa comunidade é chamada a dar testemunho deste amor de Deus pela humanidade. 

Cabe então a pergunta: Somos todos apóstolos? Fundamentalmente não. Somos todos Discípulos! O Evangelho é claro em mostrar que os doze foram escolhidos pelo próprio Cristo dentre os discípulos. Discípulos são aqueles que aprendem, que ouvem do mestre; apóstolo é aquele que é enviado a pregar e ensinar. Não é um caráter que os tornam melhores que ninguém. Basta perceber que o Senhor Ressuscitado apareceu primeiro para as santas mulheres, e elas foram as anunciadoras do ressuscitado para os apóstolos.  

Assim, os bispos são hoje sucessores legítimos dos apóstolos. Cada bispo é o pastor de uma igreja particular (diocese), e que juntas formam a Igreja Universal (católica). Os padres e o serviço pastoral do povo são extensões desse pastoreio, para que realmente consigamos alcançar as ovelhas que estão sem pastor, aquelas que segundo o Cristo estão esquecidas. 

Portanto, apóstolos e discípulos são essencialmente missionários, dando testemunho do amor de Deus que os amou por primeiro.  Somos o povo sacerdotal, sendo sinal da unidade, da esperança e sacramento da salvação para todos os povos. Aqui entendemos o significado se ser sal posto na massa, dando sabor e força nas entranhas do mundo, o fermento que faz crescer por dentro. Na carta a Diogneto podemos ler que “Assim como a alma está no corpo, assim os cristãos estão no mundo. A alma está espalhada por todas as partes do corpo; os cristãos, por todas as partes do mundo. A alma habita no corpo, mas não procede do corpo; os cristãos habitam no mundo, mas não pertencem ao mundo.”  O sentido da Igreja é ser o caminho de acesso do mundo para Deus. 

Façamos, pois, a nossa parte. Vamos testemunhar esse grande amor de Deus em cada momento de nossas vidas, sobretudo no testemunho de vida na Igreja. E, na insistente “Igreja em saída” de nosso Papa Francisco, sejamos os braços do grande pastoreio em meio as ovelhas enfermas, perdidas e marginalizadas.

Paz e bem!

Frei Berg, OFM

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