Entrevista: “Eu precisava ser voluntária no SEFRAS”

Em sete semanas, a Tenda Franciscana do Serviço Franciscano de Solidariedade (SEFRAS), localizada no centro de São Paulo (SP), já recebeu mais de 90 toneladas de alimentos, e distribuiu mais de 135 mil refeições às pessoas que estão em situação de rua. Além disso, atendeu às famílias de ocupações e  também imigrantes, com isso foram distribuídas mais de 29 mil cestas básicas. 

Esta ação só é possível graças ao incansável trabalho dos religiosos franciscanos que contam com uma equipe 211 colaboradores, 137 voluntários, e 123 parceiros oficiais, além de milhares de doadores pelo Brasil e mundo afora. Os dados são oficiais, e foram divulgados ontem (11/05), pela #AçãoFranciscana do SEFRAS.

A jovem Mariana Lopes Florêncio, natural de Bauru (SP), é uma das voluntárias e está atuando na Tenda Franciscana desde o início da pandemia. O Conexão Fraterna conseguiu um espaço na agenda de Mariana para entender, além de dados e números, como é ser voluntária em um momento tão desafiador e que vai de encontro com os valores e virtudes do franciscanismo.

Confira a entrevista na íntegra, concedida a Frei Augusto Luiz Gabriel

Conexão Fraterna: Como recebeu o convite para ser voluntária no Sefras?

Mariana: Recebi o convite através do jovem Carlos Neto em um grupo de WhatsApp. Ele mandou um áudio falando que o Frei Diego estava precisando de jovens para serem voluntários no Sefras durante esse tempo de pandemia, e eu logo pensei: “poxa, que bacana”. Mas olhando pra minha situação atual respondi: “Eu queria ir, mas infelizmente não consigo”. Então o Carlos questionou o motivo e expliquei que não tinha dinheiro para viagem. Daí surgiu a ideia da galera fazer uma vaquinha e assim eles me ajudarem a estar aqui junto a esse lindo projeto.

Conexão Fraterna: Quais são as principais atividades na Tenda Franciscana?

Mariana: A principal de todas as atividades é a distribuição de quentinhas. Além disso, distribuímos pão, a água ou o suco. Também ajudamos a preparar os alimentos: cortamos o pão, passamos margarina, cortamos bolo e recebemos as doações que chegam, montamos kits de higiene, limpamos e organizamos. Enfim, ajudamos em tudo o que for necessário.

Conexão Fraterna: Vocês estão tomando todas as medidas de segurança?

Mariana: Sim, usamos os equipamentos de proteção individual (EPIs) máscaras, luvas, escudo, touca, fazemos o uso constantemente do álcool em gel para higienização e água sanitária para limpeza.

Conexão Fraterna:  Por que você resolveu ser voluntária?

Mariana: Sempre tive vontade de fazer algum trabalho voluntário, porém nunca tive essa ousadia de ir e também não tinha muito tempo devido ao trabalho, faculdade, cursos, etc. Eis que surgiu essa oportunidade em um tempo oportuno, pois, com as aulas em recesso, estava meio que “surtando” de ficar “parada” em casa. E tudo foi se conduzindo para que eu estivesse aqui. Afirmo que eu precisava disso. Não pensei em um “porquê” exatamente, simplesmente quis viver uma experiência diferente e também fazer algo útil para ajudar aqueles que mais necessitam.

Conexão Fraterna:  Qual é o maior desafio e a maior alegria de se doar agora?

Mariana: São vários desafios que eu particularmente passei nesse processo, mas o maior deles é o de ficar tanto tempo longe de casa e ainda correr o risco de levar doença para a minha família. Já, as alegrias são muitas! A maior de todas elas é acreditar em um mundo melhor, onde paramos de pensar somente em nós e nos nossos problemas e nos compadecemos com a dor e o problema do outro. Isso é muito gratificante!

Conexão Fraterna:  Relate um momento marcante para você:

Mariana: São tantos momentos marcantes que é difícil escolher um, mas teve um dia que deu uma esfriada e havíamos ganhado doações de cobertores e já havíamos distribuído todos. Porém, no final do dia chegou um senhor pedindo um cobertor, porque ele não tinha com o que se aquecer e infelizmente nós não tínhamos mais nenhum, então um morador que estava já acomodado para dormir em frente à igreja doou o cobertor dele para aquele senhor e isso me marcou muito, pois mesmo com tão pouco ele partilhou o que tinha.  Outro momento que me marcou muito na Tenda, foi um dia que quando estávamos já indo para casa e um irmão de rua com uma Bíblia na mão parou o Frei Diego e perguntou se ele poderia orar pelo Frei, e na humildade dele, estendeu a mão sobre o Frei e orou por ele. Aquele gesto mexeu muito comigo, pois, de alguma forma ele sentiu a necessidade de agradecer pelo serviço e a forma mais sincera foi aquela oração, e foi uma das cenas mais lindas e marcantes que pude presenciar na tenda.

A AÇÃO FRANCISCANA PRECISA DE VOCÊ

Você pode fazer parte dessa grande onda de solidariedade, juntando-se a nós agora. Entre em contato com o SEFRAS pelo Facebook e Instagram ou ligue para a central de doações (11) 3795-5220. Você também pode ajudar doando diretamente pelo site da Ação Franciscana.

Fotos: Rafael Sad Assis Corrêa | SEFRAS

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