Durante os dias do tríduo pascal (quinta, sexta e o sábado), refletiremos sobre a centralidade da nossa fé. Sugiro para que façamos uma reflexão nesses três dias da seguinte forma: meditarmos na quinta-feira santa o ‘por Cristo’, na sexta-feira santa o ‘com Cristo’ e no sábado santo o ‘em Cristo’.
No evangelho desta quinta-feira santa vemos Jesus lavando os pés dos discípulos. Fica muito marcado nessa passagem a questão do serviço. Mas quero fazer essa reflexão sobre outra ótica, não sendo a do serviço, mas sim o porquê os pés. Até na leitura Pedro quer que Jesus o lave por inteiro. Mas por que os pés?
Os indianos tem um costume muito particular de, quando se vê uma pessoa idosa, o mais jovem se abaixa e toca seus pés. Gesto esse que significa que aqueles pés já passaram por tantos caminhos e lugares que merece respeito. E esses pés também, no costume indiano, transmitem energia para a pessoa que os toca.
Os pés passam por vários lugares. São por meio deles que nos deslocamos e navegamos no mundo. Os pés são sinais de missão, caminhada, corrida. E é esse membro que Jesus escolhe para lavar. Jesus, como Ele mesmo disse em outro Evangelho é a água viva. É Jesus que lava, mas é Ele mesmo a água viva que lava. Ele é a própria, ou seja, por Cristo mesmo somos lavados. Por Cristo que ocorre esse lavar, e por Cristo mesmo que somos batizados, lavados e enviados.
Quando Jesus lava os pés dos discípulos, é Ele mesmo que lava o enviado. É Ele mesmo que lava a nossa missão, a nossa vida, a nossa corrida na fé (como diz São Paulo). É por Ele mesmo que somos chamados a sentar na mesa, a ir ao encontro dos que mais necessitam. É por Ele que vivemos, nos movemos e somos. É por Ele mesmo que temos acesso a Deus, pois como Ele mesmo disse, quem vê a mim vê o Pai. É por Cristo que somos chamados a cear o seu próprio corpo. Tudo é por Ele, pois Ele quis se dar, servir e alimentar a nossa alma. Ele veio ao nosso encontro e, por meio dele, vamos ao encontro do céu.
Paz e Bem!