CLARISSAS: A FEMINILIDADE DA FÉ

Desde que foi criada, em 1212, a Ordem das Irmãs Clarissas, também conhecida como Ordem das Damas Pobres traz na sua essência a força da feminilidade para tecer caminhos de fé. Santa Clara de Assis nasceu em berço nobre, mas se encantou pela vida de pobreza a exemplo de Francisco. Com uma mãe amorosa e muito religiosa, cresceu com um coração puro e bondoso, sendo desde cedo generosa com os que mais precisavam.

Mosteiro de Santa Clara, em nova Iguaçu; Baixada Fluminense do Rio de Janeiro.

Através da vida contemplativa, as freiras clarissas atuam no mundo sendo pontos de reflexão e sabedoria, abdicando de vaidades e riquezas, optam por viver de maneira simples e fazem a diferença trazendo à tona uma das principais bases da espiritualidade franciscana: a oração.

Ainda hoje muitas jovens sentem o chamado à vocação contemplativa e fazem a escolha de viver a espiritualidade franciscana como Clara. Um exemplo disso, são as freiras do Mosteiro de Santa Clara, no município de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense do Rio de Janeiro, que celebra em 2019, trinta anos de existência. Estivemos com elas e conversamos um pouco sobre o mosteiro, a vocação, a vida no claustro e também sobre a relação delas com as outras ordens.

O mosteiro foi fundado por Dom Adriano Hypólito em 1989 que, na época, servia como bispo na Diocese de Nova Iguaçu. Seu desejo em ter um mosteiro de vida contemplativa na diocese foi o que impulsionou a vinda das irmãs fundadoras, que partiram da Ilha da Madeira, em Portugal e chegaram ao Brasil em 1986, residindo em uma casa provisória até as obras do Mosteiro serem concluídas, em 13 de maio de 1989.

Durante a visita, as irmãs falou sobre a história de Santa Clara, sua vocação, a clausura e a espiritualidade, demonstrando muito amor pela escolha que fez e sanando qualquer ideia de que a vida no claustro é uma vida sem alegria. Inclusive quando questionei sobre como é “estar presa”, a irmã foi certeira: “Não estou presa. Nossas portas não estão trancadas, estou aqui porque quero e sou feliz aqui”.

Também contaram que a relação delas com as outras ordens é muito fraternal, recebendo a visita dos irmãos da Ordem Franciscana Secular e da Jufra, em celebrações e festividades. Também dão prioridade aos frades para serem seus assistentes espirituais, assim como Clara e Francisco.

Um dos pontos altos da experiência de Santa Clara, segundo as irmãs, é realçar a feminilidade, trazendo para a vida franciscana símbolos que remetem ao feminino. Como o espelho, por exemplo, onde ao contemplar-se, buscam enxergar o rosto do próprio Deus. Além disso, a opção de cortarem os cabelos é de grande importância para as Clarissas, abdicando de toda a vaidade.

Em um mundo de tamanha violência, é interessante observar a vida dessas jovens, que fazem uma escolha genuína e se comprometem a uma vida de oração. Se por um lado, a vida franciscana nos coloca de encontro com o amargor de um mundo individualista, as Clarissas trazem de volta a doçura necessária para não perdermos de vista o ponto de partida. A exemplo da jovem Clara, essas mulheres iluminam a caminhada franciscana com o poder da oração, transmitindo a ternura que a missão do evangelho exige.

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Viva Santa Clara de Assis!

Abraços fraternos, Thatá!

Fotos: Frei Roger Strapazzon

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