Uma cegueira diferente

Lendo o Evangelho desse final de semana, me fez lembrar um provérbio que usamos muito em nossa vida, que é “Em terra de cego quem tem olho é Rei”. Esse proverbio alerta que, num lugar em que todos estão em uma mesmice tanto financeira como profissional, ou melhor, em um lugar em que a competitividade é tão acirrada, aquele que faz o diferencial é que irá conseguir se destacar. Jesus começa justamente o Evangelho dizendo: “Pode um cego guiar outro cego?” e a partir desse versículo costumeiramente partimos a reflexão quase sempre do ponto de vista da cegueira espiritual, ou da cegueira onde eu julgo o irmão e esqueço que também sou pecador.

Entretanto, gostaria de propor uma cegueira diferente para a nossa reflexão, uma cegueira que pouco percebemos: a cegueira que não deixa ver quem eu sou de verdade. Essa cegueira é a mais terrível, pois ela não me faz ver quem eu realmente sou. E com isso eu pergunto: quando você pára para “ver” você, o que realmente enxerga? Será que aquilo que eu vejo de mim, sou eu mesmo ou é pura projeção do que as pessoas, a sociedade, a igreja quer? Até que ponto eu estou deixando o espelho da vida refletir a imagem que eu sou? Penso que quando Jesus, continua no Evangelho e diz: “Hipócrita, tira primeiro a trave do teu olho”, Ele está dizendo assim: Irmão, se “desveste” daquilo que não é você e assume a sua vida para si, para poder dizer aquela que para mim é uma das mais lindas frases de São Francisco que ele em suas Admoestações usou: “O homem é o que é diante de Deus e nada mais”.

Quantas culpas, medo, tristeza carregamos em nós e o que realmente vale é o quanto Deus sabe de mim. A nossa relação com Deus, tem que ser a mesma que Francisco tinha, ou seja, da mesma maneira que Francisco fica nu em praça pública para começar a grande historia de amor entre ele e Deus, assim nós temos que ficar nus diante de Deus, tirar toda a trave, cisco, e se apresentar a Ele.

Essa cegueira que não nos permite ver quem somos faz com que nós não assumamos a nossa vida e “qualquer coisa” que nos oferecem nós aceitamos como verdade. Irmãos, para sermos autênticos cristãos temos que primeiramente aceitar quem somos, retirar toda a trave e cisco de nossos olhos, se despir e nos colocar verdadeiramente na presença de Deus.

Deus não nos julga pelo mal que fazemos, mas pelo bem que deixamos de fazer. Ele também não é retroativo, Ele não está preocupado com seu passado, mas sim com o bem que você começa a realizar hoje. Sejamos verdadeiros irmãos, não permitamos que roubem de nós aquilo que somos: NÓS MESMOS.

Paz e Bem!

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