“NINGUÉM ESTAVA SOZINHO”

Nós do Grupo Jovem da Paróquia de Nossa Senhora da Boa Viagem, da Comunidade da Rocinha, realizamos nossa primeira CFCJ (Caminhada Franciscana Carioca da Juventude). Uma caminhada de 14 km por entre as trilhas da Transcarioca e os becos de nossa comunidade com o objetivo de refletirmos sobre a fé em nossas vidas com a espiritualidade de São Francisco de Assis.

Partindo às 8h30, saímos eufóricos, animados pelo sentimento de mais uma vez estarmos saindo juntos das paredes de nossa igreja para mudarmos nosso interior. Assim fomos sob a proteção de Maria Santíssima, cujo modelo de fé devemos sempre seguir. Conversas, risos e músicas repletas de alegria nos acompanhavam tornando agradável o caminho.

E depois de uma pausa para a oração, logo surgiram as primeiras subidas íngremes de mata fechada. Mas ainda estava longe nosso maior cansaço. As copas de nossas irmãs árvores nos davam sombra e nos protegiam do calor de nosso irmão sol enquanto subíamos para um destino que parecia nunca chegar.
Até que surge por entre os galhos o mirante da Vista Chinesa com um visual deslumbrante de toda a Cidade Maravilhosa. Como era bom estar ali com os demais. Porém faltava ainda chegar à Mesa do Imperador, pouco mais acima e lá partilhar biscoitos, bolos e sanduíches num piquenique em meio à natureza.

Ao descer, doíam nossas pernas, panturrilhas e solas dos pés, porém nos confortava saber que ninguém estava sozinho. Como nas dificuldades da vida, tínhamos alguém ao nosso lado passando talvez pelas mesmas coisas e dizendo simplesmente que entendia cada dor por também sentí-las. Alguns de nós lembravam-se da última Caminhada Franciscana da Juventude em Campos do Jordão e ao pensar nos tantos quilômetros percorridos, sabiam que eram capazes de muito mais naquele momento.

Reclamações, exaustão e o som de passos tomaram o lugar da alegria de antes. Porém esse silêncio nos permitiu escutar os pássaros, a lentidão nos permitiu observar as formigas com suas folhas e a oração nos permitiu lembrar da presença do Cristo no meio de nós tal como com os discípulos de Emaús, antes cegos pelo desânimo. A alegria se manifestou de formas diferentes e todo o nosso cansaço se converteu em ardor como no caso daqueles dois seguidores do Mestre enquanto andavam. A conclusão de mais uma caminhada nos trazia de volta a ideia de que Jesus nos acompanha sempre. No nosso dia a dia, na nossa relação com o próximo, com nós mesmos e com a nossa fé, agora revigorada pelo caminhar em fraternidade.

Nícolas Pereira
Rocinha/RJ

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