Para uma igreja em saída: o ponto de partida

Vila Velha nos acolheu como uma casa calorosa durante os dias 19 a 22 de julho em razão do 3º Encontro Nacional Franciscano de Juventudes, sediado dessa vez pela Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil, mas acredito que não é apenas por conta dele que retornamos aos nossos lares deixando saudade nas casas que moramos durante esses quatro dias. Quando vivemos uma vida de fé, todos os nossos dias passam a ser missionários, e nesses momentos de partilha é onde acredito alcançar o ápice de nossa espiritualidade. É quando olhamos para uma mulher ou um homem completamente desconhecidos, trazendo apenas uma plaquinha com nossos nomes nas mãos e temos a ousadia amorosa de cumprimentá-los com um “Olá, mãe! Olá, pai! Obrigada por aceitar me receber.”

(Foto: Frei Augusto Luiz Gabriel)

Ao longo de nossa vida como jovens franciscanos acabamos acumulando novas mães e pais (às vezes irmãos, avós, primos ou tios) pelo Brasil, na inocência doce de ter em todo lugar uma nova família; e no 3ºENFJ não foi diferente: quanta beleza havia na forma como fomos recebidos, naquele momento não importava de onde viemos, qual o nosso sotaque, ideologia política ou classe social, estávamos juntos, como uma família deve estar. Simples e bonita como o Taizé, a nossa estadia nas famílias dessa cidade tão acolhedora foi fortemente vivida durante a extensa programação do Encontro.

Ao passar os dias, a troca cultural era intensa, conhecemos palavras novas para usar e jeitos novos de usar velhas palavras. Afinal, quem não voltou para casa tentando empregar o “ÉGUA!” em toda e qualquer frase? Quem não teve a oportunidade de experimentar o famoso chimarrão? Ou não sambou concordando que o Rio de Janeiro continua lindo e gritou que sim “UH, É PÃO DE QUEIJO!”?

No ENFJ formamos uma família de mais de 650 jovens, entre delegados, vindos de oito das nove províncias e custódias do país, voluntários e coordenadores. Aprendemos juntos, dançando mãos dadas e com os pés na areia da Praia da Costa, como é que louvamos o Senhor à moda franciscana. Partilhamos o pão, nos emocionamos, e claro, rezamos juntos, agradecendo a Deus a oportunidade incrível de conhecer um pouco mais de Sua criação.

O quanto aprendemos a partir das experiências de nossas irmãos, sendo generosamente partilhadas na mesa redonda e em cada grupo de debate que se formou, não tem preço. Tiramos dessa troca uma certeza: a de que somos uma juventude capaz sim de transformar a nossa realidade e caminhar para uma Igreja que tenha cada vez mais suas portas abertas.

O Convento de Nossa Senhora da Penha ficou pequeno, eram tantas pessoas unidas por um único objetivo, exaltando essa juventude de graça e luta, em meio aquela paisagem exuberante que o Espírito Santo (me deixem fazer esse trocadilho) nos proporcionou.

É sabido que determinados espaços parecem ter uma certa magia para aqueles visitam, coisa que pode perder-se com o tempo, dada a frequência da visita, para aqueles que residem nesses lugares. Acredito que isso também pode acontecer na cidade de Vila Velha, mas o que é a vida franciscana se não devolver um pouco desse encanto por onde passamos? Voltei para a Baixada Fluminense com uma pequena certeza de que tínhamos deixado essa sensação especial pelas casas capixabas. Vejam, não quero ser prepotente, mas não concordam que nós mesmos voltamos diferentes após cada experiência de fé que vivemos?

Pois é isso, juventudes, que o 3º ENFJ seja o nosso ponto de partida para sonhos cada vez mais fraternos e menos individualistas, para que nossa prioridade seja uma vida de amor e de compaixão.E como São Francisco costumava lembrar a seus confrades… “Comecemos, pois até agora pouco ou nada fizemos!”

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