Tela do Cinema

“Se alguém quiser ser o primeiro, que seja o último de todos e aquele que serve a todos” (Mc 9, 35).

Nosso Senhor Jesus Cristo, em várias passagens bíblicas, nos ensina a escolher o último lugar, a sermos os últimos. Ao refletir sobre esse ensinamento, é inevitável pensar em um “dilema” curioso: por que as pessoas gostam de sentar na última fileira do cinema? Porque, quanto mais perto da tela, mais difícil é enxergá-la por completo. Parece contraditório, mas quanto mais longe da tela, melhor conseguimos vê-la. O mesmo acontece com Deus: às vezes, é no momento de maior distanciamento espiritual que sentimos mais intensamente a Sua presença e necessidade em nossa vida.

Esse distanciamento não é físico, mas espiritual. Não me refiro aqui apenas às pessoas que estão afastadas da Igreja ou da fé, mas a todos nós, em momentos em que nos distanciamos espiritualmente de Deus. Quando uma pessoa que conhece a Cristo e os sacramentos da Igreja Católica fica apenas um dia sem rezar, já sente a profunda necessidade de estar próxima de Deus. É nesse afastamento que conseguimos perceber a grandiosidade de Deus. Quando nos distanciamos, conseguimos ver a “tela” inteira e nos damos conta de como Ele é maravilhoso e de quanto precisamos Dele constantemente.

Colocar-se em último lugar é, portanto, uma atitude de humildade e santidade. Todos os santos, em algum momento, se colocaram “distantes” para perceber mais claramente a real presença de Deus em suas vidas. E, por fim, ao escolhermos o último lugar, somos capazes de perceber as necessidades daqueles que estão à nossa frente. Colocar-se atrás nos permite ver as fraquezas e misérias do próximo e nos move a servi-los com compaixão. Paz e Bem!


Frei Jhones Lucas Martins

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