Vimos nesta semana que a Ana Karenina publicou uma matéria sobre 2025 ser um Ano Jubilar. E é necessário que nos debrucemos um pouco sobre esse tema.
Os anos jubilares (“jubilar” tem origem na palavra “júbilo”, alegria) já aparecem na Bíblia mencionados no Livro dos Números, um dos cinco primeiros livros – sinal que isso não é novidade nenhuma dentro da Igreja. Foram inicialmente concebidos com um intervalo de 50 anos (que foi alterado para 100 anos), e atualmente temos anos jubilares ordinários a cada 25 anos, para comemorar a alegria do nascimento de Jesus.
Todos somos convidados a nos prepararmos dignamente, desde já, para este “Ano de Graça”, proclamado pelo Papa Francisco na Bula “Spes non confundit” (traduzindo, “A Esperança Não Confunde”) em 09 de maio de 2024, na Basílica São Pedro.
Fica difícil confiar no acaso, após perceber que o último texto que trouxe para vocês era sobre a Esperança (e eu nem sabia ainda da Bula mencionada acima!) … Tampouco me parece ser “só coincidência” que os franciscanos estejam celebrando neste ano de 2024 os “800 Anos dos Estigmas de São Francisco” e que em 2025 celebraremos os “800 Anos do Cântico das Criaturas”…
Vou tomar a liberdade de evidenciar abaixo alguns trechos da Bula “Spes non confundit”, para que tenhamos consciência de que o Francisco de hoje nos quer alertar para melhor vivenciarmos a nossa fé e sermos sinais e agentes do Bem por onde quer que estejamos:
“3. Com efeito, a esperança nasce do amor e funda-se no amor que brota do Coração de Jesus trespassado na cruz: «Se de fato, quando éramos inimigos de Deus, fomos reconciliados com Ele pela morte de seu Filho, com muito mais razão, uma vez reconciliados, havemos de ser salvos pela sua vida» (Rm 5, 10). E a sua vida manifesta-se na nossa vida de fé, que começa com o Batismo, desenvolve-se na docilidade à graça de Deus e é por isso animada pela esperança, sempre renovada e tornada inabalável pela ação do Espírito Santo. Na verdade, é o Espírito Santo, com a sua presença perene no caminho da Igreja, que irradia nos crentes a luz da esperança: mantém-na acesa como uma tocha que nunca se apaga, para dar apoio e vigor à nossa vida. Com efeito a esperança cristã não engana nem desilude, porque está fundada na certeza de que nada e ninguém poderá jamais separar-nos do amor divino… A propósito escreve Santo Agostinho: «Em qualquer modo de vida, não se pode passar sem estas três propensões da alma: crer, esperar, amar»… 4. … na era da internet, onde o espaço e o tempo são suplantados pelo «aqui e agora», a paciência deixou de ser de casa. Se ainda fôssemos capazes de admirar a criação, poderíamos compreender como é decisiva a paciência. Esperar a alternância das estações com os seus frutos; observar a vida dos animais e os ciclos do respetivo desenvolvimento; ter os olhos simples de São Francisco, que no seu Cântico das Criaturas, escrito precisamente há 800 anos, sentia a criação como uma grande família, chamando «irmão» ao sol e, à lua, «irmã». Redescobrir a paciência faz bem a nós próprios e aos outros. Frequentemente São Paulo recorre à paciência para sublinhar a importância da perseverança e da confiança naquilo que nos foi prometido por Deus, mas sobretudo testemunha que Deus é paciente conosco: Ele, que é «o Deus da paciência e da consolação» (Rm 15, 5). A paciência – fruto também ela do Espírito Santo – mantém viva a esperança e consolida-a como virtude e estilo de vida. Por isso, aprendamos a pedir muitas vezes a graça da paciência, que é filha da esperança e, ao mesmo tempo, seu suporte… 7. Além de beber a esperança na graça de Deus, somos também chamados a descobri-la nos sinais dos tempos, que o Senhor oferece. Como afirma o Concílio Vaticano II, «é dever da Igreja investigar a todo o momento os sinais dos tempos, e interpretá-los à luz do Evangelho; para que assim possa responder, de modo adaptado em cada geração, às eternas perguntas dos homens acerca do sentido da vida presente e da futura, e da relação entre ambas». Por isso, para não cair na tentação de nos considerarmos subjugados pelo mal e pela violência, é necessário prestar atenção a tanto bem que existe no mundo. Porém, os sinais dos tempos, que contêm o anélito do coração humano, carecido da presença salvífica de Deus, pedem para ser transformados em sinais de esperança.”
E as perguntas não param de se formar… “Jovem, é na Cruz que se forma a tua Esperança?” “Qual a luz que o Espírito Santo acendeu na sua vida?” “Como está o seu coração para observar e vivenciar o ‘Cântico das Criaturas’?” “Estamos sendo capazes de descobrir os ‘sinais dos tempos’ que nos são oferecidos, alimentados pela Esperança?” “Estamos prestando atenção ao Bem que existe no mundo – e o estamos fortalecendo?”
MUITA coisa pra fazer e pra pensar… Bora lá?
Leila Denise