“Senhor, quantas vezes devo perdoar se meu irmão pecar contra mim? Até sete? Jesus respondeu: ‘Não te digo até sete vezes, mas até setenta vezes sete’ (Mt 18, 21-22).”
A passagem deste Evangelho, muito conhecida por nós, sobre a quantidade de vezes que devemos perdoar nosso irmão, nos revela primeiramente, que devemos perdoar sempre, não somente 490 vezes que é o resultado da operação matemática acima. Também nos mostra que a misericórdia é algo que nasce do perdão, ou seja, somente é capaz de perdoar várias vezes aquele que se compadece do irmão que errou.
Agora, gostaria de fazer uma pergunta humana: quem bate esquece, mas quem recebe o soco esquece?
Logicamente que não! Vejamos, quando crianças cometemos muitas “meninices”, uma das que eu cometi foi quando cai de patins e rasguei minha palma da mão – resultado 4 pontos. Doeu, sim! Parou de doer, conforme o tempo também. Mas a cicatriz sumiu? Não, está aqui! Toda vez que olho para minhas mãos eu lembro da minha queda. Deste modo, qual lição tiramos: quem se machuca, nunca se esquece. Então a primeira conclusão que tiramos é que perdoar não é esquecer o que o outro fez. Algumas cicatrizes, não é o caso da minha, quando está frio ou quando apertamos fica dolorida. Deste modo, outra conclusão que tiramos é que, se eu cutucar as feridas da alma de quem me machucou, lógico que vai doer.
Então o que é perdoar? Perdoar não é esquecer o que o outro fez, mas sim procurar deixar o passado no passado. Perdoar, portanto, não é esquecer, mas é decidir perdoar. Eu decido que o passado e aquele fato não mais atrapalham nas minhas decisões e no meu caminho de santidade. Perdoar não é somente um ato que você faz para o outro, mas é um ato que você faz para si mesmo, em primeiro lugar. Por isso perdoar é um ato de santificação que você faz consigo. A partir disso, fica a pergunta: você está preparado para perdoar 70 vezes 7? Paz e Bem!
Frei Jhones