Nestes tempos difíceis que se apresentam, é “normal” nossa língua coçar e nosso dedo apontar tudo aquilo que destoa do que entendemos como correto – não só é “normal” como é comum e terrivelmente presente em tudo que nos cerca.
Isso se vê no futebol, na política, na religião, nas relações sociais e até dentro das famílias – como costumo dizer há anos, brincando, “nas piores com maior frequência”.
Mas como classificar algo ou alguém como “melhor” ou “pior”? Qual o parâmetro que usamos, qual a medida? Que entendimento que nos traz a definição de “melhor” e de “pior”?
E mais importante: QUEM SOMOS NÓS para nos colocarmos tanto como “melhores” ou como “piores” do que alguém ou alguma coisa?
Creio já ter mencionado uma frase do livro/filme “Anjos e Demônios”, de Dan Brown, que gosto muito: “A Igreja é falha porque o homem é falho”
Lembro da “muvuca” que a mídia fez quando, ao voltar para Roma após a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro, em 2013, o Papa Francisco lançou aquela inquietante frase, que ecoou por semanas em nossas telas:
“Quem sou eu para julgar?”.
O tema parece ser chave para o Francisco que conosco vive, porque, inclusive lançou um livro com esse título…
Na abertura da Parte I do livro, uma frase nos faz pensar em nossas atitudes perante as situações que nos provocam:
“A humildade evangélica consiste em não apontar o dedo contra os outros para julgá-los, mas em estender-lhes a mão para levantá-los, sem jamais sentir-se superior” (Introdução ao Sínodo para a Família, 05/10/2015).
Não vou me alongar nas colocações hoje, vou abrir uma pequena janela para que você possa se questionar sobre as suas atitudes… Pois, neste período de eleições que se avizinha, é muito corriqueiro encontrar adversários políticos apontando os dedos entre si pelos erros cometidos, fortalecendo a polarização já tão presente, e seus apoiadores fazendo isso entre os que os cercam – isso sem contar as inúmeras situações que presenciamos ou vivenciamos onde estas propostas se refazem e se renovam à nossa volta…
Atendamos ao convite do Papa Francisco de não julgar, porém não deixemos de expressar nossa opinião como cidadãos – através do nosso voto, consciente de nossa realidade e de nossos valores como seguidores dos ensinamentos de Cristo – e sem esquecer de exercitar a “humildade evangélica” que Francisco nos relembra… E, se sobrar um tempinho, fica o meu convite para lermos esse livro.
Leila Denise