A terra não nos pertence, nós pertencemos à terra

Quarta-feira, 19 de novembro

“Há uma grande variedade de sistemas de produção de alimentos em pequena escala que alimentam a maior parte dos povos do mundo, utilizando uma quantidade modesta de terra e produzindo menos resíduos — seja em pequenas parcelas agrícolas, em pomares e jardins, na caça e na coleta, ou na pesca local… As autoridades civis têm o direito e o dever de adotar medidas claras e firmes em apoio aos pequenos produtores e à produção diferenciada. Para garantir a liberdade econômica da qual todos possam efetivamente beneficiar-se, é necessário impor, ocasionalmente, restrições àqueles que possuem maiores recursos e poder financeiro.”
(Papa Francisco, Laudato Si, 129)

Quem produz o seu alimento? Na maioria das vezes, não sabemos responder. Não conhecemos o agricultor que o cultiva. Não conhecemos as pessoas que o processam. Não conhecemos o comerciante que o vende. Ao adotarmos sistemas alimentares globais em larga escala, aceitamos uma alimentação sem conexões pessoais.

É difícil sentir responsabilidade pelos outros e pelos lugares envolvidos nos grandes sistemas alimentares industriais, porque o próprio sistema os oculta de nós. Eles estão fora da nossa vista e da nossa mente. A falta de responsabilidade funciona nos dois sentidos: os produtores não sentem muita responsabilidade pelos consumidores, e assim a qualidade do alimento cai; os varejistas e consumidores não sentem responsabilidade pelos produtores, e os preços caem.

Quando sabemos de onde vem nosso alimento, ele se torna mais pessoal. Além de nutrir nossos corpos, ele nos conecta aos lugares e às pessoas que o produzem — e passamos a sentir responsabilidade por seu bem-estar. Nos sistemas alimentares locais, não somos apenas gratos pelos dons, mas também pelos doadores.
Apoiemos os pequenos produtores escolhendo comprar alimentos locais sempre que possível. Por serem menores, estão também mais próximos: mais próximos da terra e mais próximos de nós.


Niall Leahy, S.J.

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