“Protegemos o meio ambiente. Plantemos árvores.” – Christopher Ordóñez, Fé e Alegria Ecuador

Segunda-feira, 17 de novembro

As florestas trazem a marca do tempo e da eternidade. Elas nos transportam através dos séculos; ou, dito de outra forma, fazem com que o passado histórico e pré-histórico se torne presente para o nosso encontro. Trata-se de um tempo mais grandioso do que a maioria das pessoas costuma perceber, mas esse passado antigo está subliminarmente ali; diante dos gigantes, percebemos que as árvores vivem em escalas de tempo radicalmente diferentes das nossas. As árvores não têm senso de duração, de tempo vivido: e, no entanto,
permanecem.” — James Holmes Rolston III,“Aesthetic Experience in Forests”, 1998

O contato com a Natureza tem um valor transformador. A diversidade da vida que vai além do humano amplia nossa experiência para além do cotidiano e muda nossa visão do mundo e de nós mesmos. Em uma floresta, é possível experimentar uma forma de vida radicalmente diferente, que não pode ser reduzida a parâmetros
humanos. Para muitas pessoas, é uma experiência de transcendência. Mas, ao mesmo tempo, sentimos também um senso de proximidade: percebemos que o contato com a Natureza desempenha um papel importante na compreensão de quem somos. O biólogo Edward Wilson chamou essa fascinação ancestral pelas outras formas de vida — e a tendência de estabelecer vínculos com elas — de “biofilia”. Por que
cercamos nossos ambientes de plantas e flores? Por que sentimos prazer em criar pequenos animais? Por que sentimos um instinto de proteção diante de filhotes? Por que as crianças são tão curiosas com os animais?
Esse interesse inato revela uma característica peculiar da condição humana: nossa vocação para cuidar — primeiro uns dos outros, e depois estendendo esse cuidado a outras formas de vida. É o chamado bíblico para“ cultivar e guardar o jardim”. Em suma, cuidar da Natureza nos permite compreender mais profundamente quem somos e nos tornar plenamente humanos.


Mauro Bossi, S.J.

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