Calma Terra as crianças irão ajudar

“O dinheiro e outros meios políticos e econômicos devem servir, não governar.” (Carta do Papa Francisco ao G8, 15 de junho de 2013 — e muitas vezes depois disso)

As conferências da COP não tratam apenas das mudanças climáticas ou da sexta extinção em massa. As conferências da COP tratam de dinheiro. “Quem vai perder quanto, se fizermos A, B ou C? Quem vai pagar por isso? Quem vai compensar aquilo? Quem vai falir se…?” É por isso que as empresas (especialmente as ligadas aos combustíveis fósseis) enviam mais delegados às conferências do que os dez países mais ameaçados pelas
mudanças climáticas juntos. Que pessoas morrerão se não agirmos ou se adiarmos as ações? Paciência. Que vastas regiões do nosso mundo se tornarão inabitáveis, transformando bilhões em ‘refugiados climáticos
’? Lamentável. Mas, ei: há bilhões de planetas no universo, e apenas uma economia — então, continuemos a servir Wall Street! Parece cínico? Pois é. Eu sou. Sempre acreditei que os seres humanos fossem razoáveis e
abertos às previsões científicas. Mas, acompanhando o curso e os resultados das negociações da COP nos últimos anos, percebi: pelo menos nos níveis mais altos, há muitas pessoas inteligentes, poderosas e influentes que são mais gananciosas do que racionais. As indústrias fósseis sabem há décadas o que seu“ modelo de negócios” causaria ao planeta, e ainda assim continuam enquanto houver dinheiro a ganhar. Por isso há mais lobistas nas conferências da COP do que delegados dos dez países mais afetados pelas mudanças
climáticas. Mas o pior é: nós, o povo, permitimos que isso acontecesse e não os detivemos. Agora, com
todos os fatos sobre a mesa, também somos responsáveis pelo rumo inevitável que o planeta tomará se não impedirmos que o dinheiro continue governando o mundo. Isso, é claro, exige coragem e perseverança.


Jörg Alt, S.J

Deixe uma resposta