No coração do nosso itinerário litúrgico e de fé, chegamos ao Domingo da Solenidade dos Santos Pedro e Paulo, apóstolos. Celebrada no último domingo de junho, essa festa nos convida a contemplar duas colunas fundamentais da Igreja: Pedro, o pescador escolhido por Cristo como fundamento da Igreja, e Paulo, o incansável missionário do Evangelho.
O Evangelho proclamado neste domingo (Mateus 16,13-19) traz uma das passagens mais marcantes do Novo Testamento:
“Eu te darei as chaves do Reino dos Céus. Tudo o que tu ligares na terra será ligado nos céus; tudo o que tu desligares na terra será desligado nos céus.”
Nessa narrativa, Jesus conduz seus discípulos até Cesareia de Filipe — região distante dos centros religiosos e políticos de Jerusalém. Esse afastamento tem um propósito pedagógico: fora das pressões e agitações do poder, os discípulos podem enxergar com mais clareza quem é Jesus. Ali, o Mestre lhes propõe a grande pergunta:
“E vós, quem dizeis que eu sou?”
Pedro responde com firmeza e fé:
“Tu és o Messias, o Filho do Deus vivo.”
Essa resposta não vem do saber humano, mas da revelação divina. Jesus reconhece essa fé e confia a Pedro a missão de ser a pedra sobre a qual edificará sua Igreja. É o momento fundacional da comunidade cristã, que nasce com uma vocação clara: ligar céu e terra através dos sacramentos e da missão.
Celebrar Pedro e Paulo é celebrar a Igreja em sua totalidade:
- Pedro representa a dimensão estrutural, hierárquica e sacramental da Igreja;
- Paulo, a força missionária que rompe fronteiras para anunciar o Evangelho a todos os povos.
Ambos nos ensinam que seguir a Cristo é um caminho exigente, marcado por perseguições, prisões e desafios, mas sustentado pela fé e pela fidelidade. A primeira leitura deste domingo relata a prisão de Pedro e sua libertação milagrosa por um anjo — sinal de que Deus acompanha e sustenta os que se entregam à missão. Paulo, por sua vez, escreve da prisão a Timóteo, com palavras que ecoam como um testamento de fé:
“Combati o bom combate, completei a corrida, guardei a fé.”
Hoje, a Igreja é chamada a continuar essa missão. Somos convidados a refletir: quem é Jesus para mim? Sem essa resposta pessoal, não há discipulado verdadeiro nem vida eclesial autêntica. Nossa vivência cristã precisa ser uma resposta clara, convicta e transformadora, como a de Pedro. Nosso anúncio deve ser corajoso e incansável, como o de Paulo.
A Solenidade de São Pedro e São Paulo nos fortalece no caminho. Que nossas palavras, gestos e atitudes revelem quem é Jesus. E que, ao final de nossa jornada, também possamos dizer com serenidade: “Guardei a fé.”
Que o Senhor nos abençoe, por intercessão de São Pedro e de São Paulo. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Paz e Bem!
Frei Felipe Carretta