Neste 5º Domingo da Páscoa (Ano C), a liturgia nos conduz a uma meditação sobre o chamado missionário da Igreja e a essência do discipulado cristão, que tem no amor fraterno o seu fundamento mais verdadeiro.
A primeira leitura, do livro dos Atos dos Apóstolos (14,21b‑27), relata o final da primeira viagem missionária de Paulo e Barnabé. Eles não apenas anunciaram o Evangelho, mas retornaram às comunidades de Listra, Icônio e Antioquia para fortalecer os discípulos e encorajá-los a perseverar na fé.
Nomearam presbíteros em cada Igreja e os confiaram ao Senhor com orações e jejum, mostrando que o crescimento da comunidade cristã nasce tanto da ação do Espírito Santo quanto da responsabilidade de cada um na edificação da fé comum.
Esse exemplo missionário é atual e inspirador: somos convidados a anunciar com ousadia, mas também a cuidar, sustentar, orientar e rezar por aqueles que caminham conosco na fé.
Na segunda leitura, o livro do Apocalipse nos apresenta a “nova Jerusalém” descendo do céu — imagem da comunhão plena com Deus e da restauração definitiva de todas as coisas.
“Eis que faço novas todas as coisas”, proclama o Senhor. Essa promessa escatológica não é apenas uma visão futura, mas um convite presente: viver aqui e agora sob o signo da ressurreição, como promotores de uma sociedade mais justa, fraterna e pacífica.
No Evangelho de João, Jesus, pouco antes de sua paixão, nos entrega o que Ele chama de “novo mandamento”: “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei”. É um amor exigente, sem medidas, que se revela no serviço, na entrega, na cruz.
Mais do que palavras, esse amor se reconhece nas atitudes: perdão, acolhimento, compaixão, ternura. Jesus deixa claro que esse é o verdadeiro sinal de identidade do cristão: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos”.
Amar assim é uma graça, mas também uma tarefa diária. Supõe conversão do coração, renúncia ao egoísmo e abertura ao sofrimento alheio. Cada gesto de solidariedade e justiça torna-se um sinal visível da presença do Ressuscitado no meio de nós.Que neste 5º Domingo da Páscoa, possamos acolher a missão que nos é confiada. Sejamos, como Paulo e Barnabé, edificadores da comunidade; como o Salmista, proclamadores da misericórdia de Deus; como São João e Jesus, praticantes do amor que transforma. Que o Deus da Vida, que faz novas todas as coisas, nos fortaleça para amar “até o fim”, tornando visível em nossas ações o Cristo vivo e ressuscitado.
Frei Augusto