“Deixo-vos a paz; dou-vos a minha paz”(Jo 14,27)

Em mais de meio século de vida, já acompanhei dias de muita polaridade, muita incerteza, muito conflito, muita dor e muito desespero… Situações provocadas por reações da natureza e pelo orgulho dos homens; situações de extremos sentimentos, que excluíam a possibilidade de vislumbrar um futuro possível entre pessoas, grupos, comunidades e/ou nações…

Tenho a sensação inglória de que muitos dias da última década têm reacendido esse sentimento em muitas mentes e muitos corações… Seja nas proximidades de nossas casas onde a violência se faz presente; seja nos drones e armas que detonam as expectativas de futuro daqueles que, dia-a-dia, visualizam e vivenciam uma guerra declarada e aberta que não faz sentido para a maioria das pessoas que dela são vítimas; seja pela presença armada que, oficialmente, tenta inibir ameaças que (nem sempre!) podem minar a ordem estabelecida – nossos olhos são obrigados a “digerir” nas telas o que nem nosso estômago (aquele mais resistente às coisas abjetas que possamos encontrar) conseguiria processar: nossa vida ser privada de esperança!

Hoje, percebo que nossos dois últimos pontífices despertaram basicamente dois sentimentos (cada um) em mim; o Papa Francisco, com toda a sua alegria na Boa-Nova do Evangelho, inspirava a vontade de falar sobre o Amor e a Misericórdia (ainda que ele falasse, persistentemente, se uma “guerra aos pedaços”); já o Papa Leão XIV, acredito que pela realidade que o confronta em seu pontificado, me desperta uma grande necessidade pela Paz e pela Esperança.

Este é o motivo que hoje vou usar duas citações – uma do Francisco de até poucos dias, outra do Leão que “ruge” contra a violência e a guerra – para falar sobre a importância da Paz.

Já o Papa Leão XIV, após a oração do Angelus, nos deixa uma mensagem bem mais concisa, porém não menos inquietante: Expresso o meu sincero apreço por quem, a todos os níveis, se está a empenhar na construção da paz nas diversas regiões marcadas pela guerra. Nos últimos dias, rezamos pelos defuntos e, entre eles, infelizmente, muitos foram mortos em combate e em bombardeamentos, apesar de serem civis: crianças, idosos e doentes. Se se quer realmente honrar a sua memória, que se instaure um cessar-fogo e se empreguem todos os esforços nas negociações.” (09/11/2025)

Inevitável nos perguntarmos: “No mundo que estou inserido(a), que tipo de ‘Paz’ eu promovo?”


Leila Denise

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