“Cuide da terra com amor, pois ela é o lar que nos dá vida” – Aluno da Fé e Alegria Venezuela

Sábado, 15 de novembro

“Apesar das muitas negociações e acordos, as emissões globais continuam a aumentar. No entanto, a transição necessária para fontes limpas de energia, como a eólica e a solar, e o abandono dos combustíveis fósseis, não avança na velocidade necessária. Corremos o risco de permanecer presos à mentalidade de remendar e disfarçar rachaduras, enquanto, sob a superfície, continua uma deterioração à qual seguimos contribuindo. Supor que todos os problemas futuros poderão ser resolvidos por novas intervenções técnicas é uma forma de pragmatismo homicida, como empurrar uma bola de neve ladeira abaixo.”
Papa Francisco, Laudate Deum

Reverter as emissões de gases de efeito estufa exigirá toda a engenhosidade da inteligência humana. No entanto, uma fé cega em nossas ferramentas tecnológicas e financeiras pode facilmente nos conduzir a uma ação limitada e superficial, que se recusa a considerar e enfrentar as causas profundas de nossa crise social, moral e ecológica atual. Nenhuma ferramenta existe sem limites. Esses limites são evidentes quando se trata de energias renováveis. As energias solar e eólica — ou o armazenamento de energia — podem ser fundamentais para o nosso futuro, mas não vêm sem custo. Uma rede elétrica se sustenta com recursos extraídos, muitas vezes minerados longe daqueles que se beneficiam da “energia limpa”. Isso nos faz parar para refletir duas vezes sobre a melhor forma de usá-la? De modo semelhante, os mercados de carbono podem ser uma ferramenta válida e eficaz para reduzir as emissões de gases de efeito estufa, desde que limitados a zonas econômicas coerentes e concebidos de forma a exercer real pressão sobre os agentes econômicos. Infelizmente, há pouquíssimos exemplos de tais mercados. Os esquemas de compensação podem dar tranquilidade a alguns, mas, na melhor das hipóteses, transferem parte do esforço dos ricos
para os pobres; na pior, quando mal planejados ou fraudulentos, nada fazem — ou até prejudicam as comunidades locais. Estamos desenhando mercados de carbono com responsabilidade? As ferramentas — sejam energias verdes ou mercados de carbono — devem servir a um propósito. Seria lamentável limitar esse propósito à preservação do status quo nos países ricos.


Benoit Willemaers, S.J

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