Irmãos e irmãs, Paz e Bem. Em nosso itinerário cristão chegamos ao 21° Domingo do Tempo Comum!
O Evangelho de hoje nos apresenta uma cena muito atual: alguém pergunta a Jesus se são muitos os que se salvam. Essa é uma curiosidade que também atravessa nosso coração: afinal, quem vai se salvar? Mas Jesus não responde diretamente com números ou estatísticas. Ele muda o olhar da multidão e coloca a atenção em algo mais urgente: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita”.
Aqui está o ponto central: a salvação não é automática, não acontece sem nossa participação. Deus oferece a todos a sua graça e misericórdia, mas cabe a nós responder com decisão, com empenho, com fidelidade. O caminho é exigente, é “estreito”, porque pede de nós conversão, renúncia ao egoísmo e disposição de viver o Evangelho no concreto da vida.
Jesus também nos alerta para não vivermos uma fé superficial, de fachada. Não basta dizer que o conhecemos, que participamos de celebrações ou que ouvimos sua Palavra. Ele mesmo dirá: “Não sei de onde sois” àqueles que não colocaram em prática o amor, a justiça e a misericórdia. É como se dissesse: “Vocês estavam perto, mas não se comprometeram”.
Isso nos faz pensar em nossa própria caminhada. Somos convidados a examinar se nossa fé é apenas de aparência ou se realmente temos buscado viver de acordo com o que o Senhor pede. Ser cristão não é apenas estar dentro da Igreja, mas deixar-se transformar pelo Evangelho.
O texto termina com uma imagem muito bonita e, ao mesmo tempo, desafiadora: “Haverá muitos que virão do Oriente e do Ocidente, do Norte e do Sul, e se sentarão à mesa no Reino de Deus”. A salvação é oferecida a todos os povos. Isso é um chamado à esperança, mas também à responsabilidade: não podemos nos achar donos da salvação, nem nos acomodar como se já estivesse garantida.
Irmãos e irmãs, entrar pela porta estreita significa viver o amor no dia a dia, mesmo quando custa; significa ser fiel a Jesus em meio às dificuldades; significa não se deixar enganar pela ilusão de um cristianismo sem cruz. O autor da Carta aos Hebreus hoje também nos lembra disso: Deus nos educa como filhos, às vezes com correções e desafios, mas tudo isso é caminho de vida.
Peçamos ao Senhor que nos dê a graça da perseverança, para que não fiquemos apenas na curiosidade sobre “quem se salvará”, mas que tenhamos a coragem de viver o Evangelho com autenticidade, de caminhar pela porta estreita com esperança, confiantes de que, ao final, Ele nos acolherá em sua mesa.
Rezemos para que tenhamos coragem de entrar pela porta estreita: a porta do serviço, da justiça, da compaixão e da humildade. Que o Senhor nos encontre praticando o bem, para que ao dizer “conheço-vos”, possamos ouvir do Pai o convite definitivo: “Vinde, benditos, receber o Reino preparado para vós”.
Frei Augusto Luiz Gabriel