Já é 2025 e nós, cristãos, estamos aqui, prestes a celebrar mais um Tríduo Pascal.
O Tríduo Pascal, que começa na Quinta-feira Santa e termina no Sábado Santo, é uma única grande celebração, riquíssima em significados. Ele encerra o tempo quaresmal que vivemos desde a Quarta-feira de Cinzas: uma caminhada de penitência e reflexão sobre nossa vida e nossas atitudes diante de Deus, das pessoas e do meio ambiente.
Essa jornada culmina na vivência desses três dias, que, segundo o Evangelho e a liturgia católica, recordam os últimos momentos de Jesus neste mundo com seu corpo humano e mortal. O Filho de Maria e de José, criado para ser um homem bom e firme, não se calou diante das injustiças. O Deus que decidiu vir ao mundo e experimentar nossas fraquezas — sim, Ele mesmo. Aquele que veio para trazer vida a um mundo que, mesmo naquela época, já era marcado pelo ódio, egoísmo, ambição e pela corrupção daqueles que deveriam cuidar do povo. E o mundo o rejeitou, porque não estava preparado para o sonho de Deus para sua criação: o amor e a vida plenos. A verdade é que, infelizmente, ainda não está.
Hoje, muito pouco mudou. Vemos o Cristo sofrido no povo pobre e esquecido; nas mães que choram por seus filhos mortos por um sistema que não poupa os que não se encaixam nele. Nas desigualdades, no preconceito que gera morte. E Jesus ainda está aqui, caminhando conosco, sem nos esquecer, sem desistir de seus irmãos — como fez naqueles dias, ao se despedir de seus amigos, lavando seus pés como servo e se fazendo pão, dando sua vida por todos e derramando seu sangue na cruz.
Ele é a vida que nos enche de alegria e nos ressuscita; que nos tira da falta de esperança e enxuga nossas lágrimas. Sua vida pulsa em nós, desejando transbordar para este mundo tão castigado — como quem diz que conta conosco para que a fé em dias melhores não se perca.
Suas mãos e seus pés, feridos pelos pregos, precisam das nossas mãos e pés para alcançar um mundo onde ninguém mais se machuque. Seu coração, dilacerado por um amor apaixonado, precisa do nosso — cheio de compaixão por quem se aproxima, sem exceções ou preconceitos — para que corações sejam curados e libertos.
O Deus humano que se faz precisar de nós nos convida a passar esses dias com Ele: na ceia, no calvário e na ressurreição. Que os gestos, as palavras e as orações não sejam meras repetições, mas o sagrado das nossas vidas, que, ao irem ao encontro d’Ele, transbordem alegria e luz onde as trevas ainda insistem em querer reinar.
Que, nestes dias, pelos olhos de nosso doce Jesus sofrido, possamos enxergar além da cruz a alegria que vem com a Ressurreição — renovando a esperança de continuar a crer que, n’Ele, que está vivo, nossa vida e nosso mundo têm jeito, muito além do sepulcro…
Santa Páscoa pra você!
Ana Karenina