Surdez e mudez espiritual

“Ele tem feito bem todas as coisas: aos surdos faz ouvir e aos mudos falar” (Mc 7, 37).

No Evangelho deste final de semana, somos apresentados a uma cura que serve como um sinal para que todos possam crer em Jesus. No rito do batismo, existe um momento chamado “Éfata”, que significa “abre-te”. Nesse momento, o sacerdote traça o sinal da cruz nos ouvidos e na boca da criança, pedindo a graça para que ela possa ouvir a Palavra de Deus e louvá-Lo com seus lábios.

A surdez e a mudez que Jesus vem curar vão além do físico; são também espirituais. No batismo, acontece o nosso “Éfata”, que nos capacita a ouvir a Palavra de Deus e a proclamar com nossa boca o louvor que Ele merece. Até mesmo uma língua de sinais, a LIBRAS, foi criada para que possamos, com as mãos, “ouvir” e “louvar” o Criador.

Desde o pecado original, nos tornamos espiritualmente surdos e mudos. Por isso, ao longo do Antigo Testamento, Deus falava repetidamente ao Seu povo, mas eles, de coração endurecido, não O escutavam. E não é muito diferente hoje: Deus continua a falar, mas muitos ainda permanecem surdos e mudos na fé.

A mudez espiritual nos impede de falar a verdade; sentimos vergonha de falar de Deus e usamos desculpas como “futebol, política e religião não se discutem”. Com essa premissa, nos calamos e muitas vezes nos envergonhamos de Cristo e da Igreja. Ouvimos críticas a Cristo e à Igreja, mas permanecemos surdos, justificando nossa inércia com o argumento de um “Estado laico”. Sim, o Estado é laico, mas somos católicos.

Não deixemos nosso coração ficar surdo e mudo. Abramo-nos à profecia de vida, que nos inspira a louvar a Deus com nossos lábios e a não ficarmos surdos diante das injustiças cometidas contra Deus, a Igreja e o próximo. Não escondamos o nosso batismo; os nossos ouvidos e boca já foram “destampados”. Agora, coloquemos em prática aquilo para o qual fomos chamados: sermos profetas. Paz e Bem!


Frei Jhones Lucas Martins

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