Este ano teremos eleições municipais, e neste mês, após a definição dos candidatos pelos partidos políticos, iniciou-se em 15 de agosto a campanha eleitoral, onde de fato a maioria da população consegue perceber que está perto um novo tempo para buscar uma mudança efetiva na vida de todos.
Não temos o costume de falar sobre política, na verdade, muitos de nós nem gosta da palavra, um certo trauma advindo da política que muitas vezes vemos sendo exercida em nosso país, mas será que de verdade sabemos o que é política e para o que ela serve, e como podemos participar dela?
Política está relacionada com tudo aquilo que é comum, de todos, para um bom convívio em sociedade, sempre buscando o melhor para a coletividade. Em suma: política é tudo aquilo que mexe com a vida de todo mundo, mas também com a vida de cada um em particular. É importante ter isso em mente: mesmo que muitas vezes pareça algo distante, se é relacionado ao bem de toda comunidade, afeta a cada um: a você e a mim.
Cada país tem seu jeito de fazer política, baseada nos valores do povo e na sua construção cultural, e no Brasil, somos uma República Federativa, em que o Estado Democrático de Direito é a base para a construção de um país mais justo, com oportunidade para todos, tendo como um de seus fundamentos a dignidade da pessoa humana. Desde 1988, quando a nossa Constituição foi promulgada, com todos os direitos fundamentais que ela consagrou, instituiu-se também o voto como um direito e um dever para todos os cidadãos; dever, por que é obrigação de cada cidadão escolher bem quem vai lhe representar para tomar as decisões relativas a coletividade e direito por que cada um pode cobrar o que está sendo realizado por estes representantes.
Cada um pode e deve contribuir para que o Brasil tenha cada vez mais representantes que de fato sejam a cara do nosso povo e estejam atentos as necessidades de todos, não as suas próprias. Uma das maneiras é o voto, mas existem mecanismos além dele para que cada um possa exercer seu controle sobre o trabalho de quem elegeu. Uma dela é a participação social na época de eleições, conhecendo cada candidato, vendo suas propostas de governo ou, no caso de vereadores, quais são as suas pautas políticas para a comunidade, a fim de avaliar se o que eles propõem é, de verdade, o que o povo precisa para se desenvolver e progredir. Não se pode escolher um candidato por que alguém o sugeriu, ou por que é de religião x ou y, se é bonito ou feio; a escolha correta de um bom representante se dá quando percebemos que, acima de todas as suas convicções pessoais, o bem comum sempre vai prevalecer, sem privilégios.
O voto é uma arma poderosa que muitas vezes não usamos, ou não usamos corretamente, e vemos a cada eleição a banalização desse direito tão precioso. É tempo de retomar as rédeas da nossa cidadania e mostrar que o povo tem voz, e que essa não tem preço e não pode ser negociada em favor de alguns. E cada cristão é chamado a viver esta vocação à cidadania em sua plenitude, com responsabilidade e sem medo.
Para além das eleições, que sempre vão acontecer, durante o período que esses eleitos estão exercendo suas funções delegadas por nós, temos o dever de fiscalizar e cobrar o que cada um vem fazendo para, na próxima vez, avaliar se este deve ser mantido como seu representante. Sim, isso é possível e está ao alcance de todos, através dos sites que os governos no Brasil disponibilizam para isso.
A política é para você, para mim, para todos, sem nenhuma exclusão. E caso você queira entender mais sobre como a política afeta a sua vida e o que a Igreja direciona para este tempo tão importante na sociedade, existem canais importantes que são referência: um deles é o projeto “Encanta Política”, que reúne diversas organizações católicas que tem o propósito de promover uma compreensão mais profunda e ativa na Igreja, trazendo consciência, capacitação para candidaturas com o perfil popular e coletivo e a atuação no período eleitoral, fiscalizando e combatendo a corrupção, dentre outros objetivos, todos inspirados na nas encíclicas do Papa Francisco, como “Laudato Si’“, “Fratelli Tutti” e a “Alegria do Evangelho“, democratizando a política e trazendo mais informações e atuações no assunto.
Os próximos quatro anos podem ser melhores em nossas cidades, não precisam ser “mais do mesmo”, se cada um de nós usarmos nossas armas da cidadania com consciência, pensando sempre que, quando pensamos no bem comum, estamos olhando para os irmãos como Jesus olha para nós, com amor e merecedores de viver dignamente.