Liberdade de expressão

Você consegue contar aí quantas vezes escuta essas palavras por dia? Acho que nunca ouvimos tanto, não é mesmo? Nas redes sociais e nas relações interpessoais, esse termo tem sido falado em alto e bom som por muita gente, a fim de buscar uma justificativa para dizer suas opiniões sobre os mais diversos assuntos. Mas, será que de fato sabemos o que significa? Sabemos como e quando usar, sem extrapolar os limites legais e acima de tudo, ferir as pessoas ou grupos a quem dirigimos nossas opiniões? 

A liberdade de expressão é inerente à democracia; está ali, colada com super cola. Sem democracia, não existe a possibilidade de haver um lugar onde uma pessoa possa expressar sua opinião sem ser perseguido por ela. Aliás, a democracia não existe sem a divergência de opiniões, sendo o lugar mais seguro para existir divergências de pensamento. Desde os tempos mais antigos, se busca o direito de dizer o que se pensa, sem correr riscos muitas vezes até fatais. Sócrates, filósofo grego já falava sobre isso; ele acreditava que a liberdade de expressão era importante para se buscar conhecimento e colaborar com uma sociedade melhor. Passando pelo tempo, somente no século XVIII que a liberdade de expressão começou a ser reconhecida como um direito  inalienável, ou seja, que não se pode trocar por nada, tendo em vista seu imenso valor. 

Aqui, no Brasil, hoje, a Constituição Federal coloca a liberdade de expressão elencada dentro dos 78 direitos e garantias no seu artigo 5º, consagrando-a  como direito fundamental de qualquer cidadão brasileiro. Sendo assim, é ilegal qualquer censura prévia sobre a manifestação de pensamento de quem quer que seja, mas também estabelece a responsabilidade sobre o que se expressa, que seja abusivo e ultrapasse limites. Isso significa dizer que  podemos pensar e expressar o que quisermos, mas somos totalmente responsáveis pelas consequências disso. A explicação para este comando legal é simples: o direito de expressar pensamento sobre determinado assunto, não significa que posso passar por cima do direito do outro: direito à sua dignidade de ser humano. E isso é o que mais temos visto hoje nas redes sociais que frequentamos, diariamente, pela internet. 

Ao expor alguma opinião ou falar sobre algum assunto, é preciso refletir no que está sendo colocado: se é verdadeiro e a responsabilidade por isso. ”Postei e saí correndo” não pode ser o norte das mídias sociais, pelo menos para aqueles que pretendem seguir o Evangelho; sempre é importante observar em como a nossa opinião, mesmo divergente, pode ser colocada de maneira a ser escutada e refletida. O comando constitucional não existe para gerar medo, mas responsabilidade. E qual está sendo a nossa em gerir o que vemos, ouvimos e postamos (ou compartilhamos) nas redes? Se queremos um ambiente mais saudável, precisamos colaborar com isso, fazendo da internet uma extensão da vida real, afinal, somos nós, humanos, que a alimentamos, pelo menos ainda… 

Tornar as redes um lugar mais saudável para se conviver, deve ser uma meta a ser seguida por todos, e juntos, podemos fazer a diferença neste ambiente muitas vezes tão hostil. 


Ana Karenina

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