Olá, Paz e Bem !
Vamos falar sobre cotas?
Elas, que são motivo de discussão, muitas vezes por falta de conhecimento, precisam e devem ser esclarecidas para todos nós.
Não é novidade que no Brasil vivemos em uma sociedade marcada pelo racismo enraizado em nossa cultura. Mesmo depois de abolida por completo em 13 de maio de 1.888, a escravidão deixou marcas em nosso povo, tão profundas que foram normalizadas em nosso meio, a ponto de muitos ainda dizerem que não existe racismo em nosso país. A questão é tão normalizada que podemos dizer que existe uma regra e um padrão: caso não se encaixe, a pessoa está simplesmente fora.
Justamente por essa normalização da desigualdade que atravessa gerações foi preciso criar um mecanismo que pudesse trazer maior igualdade para todos, principalmente para aqueles que não tem as mesmas oportunidades, seja pela cor da pele, seja pela raça, por portar alguma deficiência ou seja também pelo gênero. Estou falando da política de cotas, que tem por objetivo diminuir as desigualdades, fazendo com que todos possam estar em todos os espaços, como faculdades, concursos públicos e também em empresas privadas. Uma parte das oportunidades são destinadas a grupos vulneráveis e minorias que, em situações normais, não são aceitos pelo que são, sem se observar a riqueza que podem ter ou o valor que podem agregar.
Quando há pessoas de todas as raças, gêneros e outros grupos vulneráveis em todos os espaços, há representatividade e há maior possibilidade de progredir na eliminação dos preconceitos dentro da nossa sociedade, tornando-a mais humana e mais fecunda pela sua diversidade.
Ao contrário do que muita gente pensa, as cotas não são um favor, não mesmo! São reparação de séculos de segregação, onde somente uma camada da sociedade com uma cor específica e dinheiro tinha acesso a educação e por consequência acesso a tudo que ela pode proporcionar: acesso ao trabalho e à vida digna, merecida por todo ser humano.
Não há facilidade, como uma prova mais fácil, por exemplo ou um “jeitinho” para que se coloque alguém em um espaço, ao contrário, os requisitos continuam sendo os mesmos; ninguém deixa de se preparar tanto quanto os outros, a questão é que o caminho de alguns possui muitas curvas e montanhas que precisam ser enxergadas que tornam a jornada bem mais pesada, comparada a quem tem uma simples reta privilegiada para caminhar.
Vale lembrar que a política de cotas não existe somente no Brasil, mas em outros países, como na Índia, onde se pretende acabar com as conhecidas castas, na Austrália, para os aborígenes, dentre outros.
Se é preciso uma política de inclusão de uma parte da população, é por que existem pessoas que não conseguem ter as mesmas oportunidades, e, enquanto essa desigualdade existir, as cotas existirão, pois apesar de não serem eternas, elas só deixarão de existir quando superadas essas barreiras, não que se falar em progresso sem dignidade das pessoas. E quanto mais rápido entendermos isso, melhor será. Nessa desigualdade, trazemos, aos poucos, a igualdade para quem acabou ficando para trás.
Obviamente que as cotas não vão resolver o problema totalmente. Uma política séria onde se pense em uma educação de qualidade na base, em uma estrutura social onde se permita que as pessoas possam ter dignidade e apoio para seguir suas vidas e a conscientização de todos é o que fará um dia, que não precisemos mais delas, pois teremos oportunidades para todos.
Será que um dia chegaremos nesse patamar? Eu espero que sim, com nossas crianças e nossa juventude podemos criar essa nova cultura, onde a raiz será a inclusão e a igualdade real de todos. Está em nossas mãos essa mudança, e que Deus nos ajude e inspire a caminhar sempre de mãos dadas, sem soltar a mão de ninguém.
Deus abençoe!
Um abraço fraterno da Ana.