Caros irmãos e irmãs, a Igreja local nos convida, no mês de setembro, a celebrar e viver o mês da Bíblia, um período dedicado à reflexão sobre os caminhos para uma vida mais ética, fundamentada nas palavras do santo Evangelho. Neste contexto, o 23º Domingo do Tempo Comum nos apresenta a mensagem sobre os princípios extraordinários da correção fraterna, que podem ser aplicados em todos os ambientes em que estamos inseridos.
A narrativa de Mateus está no centro do discurso da comunidade e nela é apresentada normas e formas concretas para o agir diante de um conflito na comunidade e no laço familiar. Esses passos são embasados no diálogo, que precede a denúncia e o julgamento; no perdão, afastando-se da expulsão e condenação; e no amor, representado na comunhão responsável, que elimina o rigorismo da comunidade. Nas três palavras, gestos e ideais do diálogo, perdão e amor estão contidas as bases e alicerces da correção fraterna.
O salmo da liturgia deste domingo, nos exorta: “Não fecheis o coração, ouvi, hoje, a voz de Deus.” Isso nos alerta para o convite que é realizado: ouvir de coração aberto e disposto, um princípio fundamental e essencial do diálogo como base da correção fraterna, tanto com Deus quanto com os irmãos e irmãs. Essa abordagem está longe de pré-conceitos, permitindo-nos buscar o encontro com o outro, compreendendo seus motivos e angústias.
Como pedra angular da correção fraterna, o perdão desempenha um papel crucial. O perdão não implica no desprezar, no condenar ou no reprimir o pecador, mas olha com compaixão, abraça com ternura e harmoniza com o amor ensinado por Cristo. O perdão não significa ignorar erros, mas sim libertar-se do peso do ressentimento. É um ato de misericórdia que nos permite avançar em direção à reconciliação.
O amor é o ápice da correção fraterna, pois é o gesto, movimento e atitude que integra, une e nos responsabiliza perante a comunidade, a família e os laços humanos. Transforma conflitos, dores, angústias e divisões em plena unidade, conectando-nos a Deus por meio de nossas ações. É o amor que nos conecta à graça de Deus e nos capacita a viver como verdadeiros discípulos de Cristo.
Portanto, queridos irmãos e irmãs, ao refletir sobre os princípios da correção fraterna, somos desafiados a tornarmos agentes de mudança em nossas comunidades e famílias. O Mês da Bíblia nos convida a viver de acordo com esses princípios extraordinários, alicerçados na Palavra de Deus. Lembremos que nossa relação com nossos próximos na terra reflete nossa relação com Jesus Cristo, o centro de nossas vidas e de nossa comunidade.
Que possamos, a cada dia, praticar o diálogo, o perdão e o amor em nossas vidas diárias, construindo seres humanos e uma comunidade que testemunhem o amor e a graça de Deus para com todos nós. Que a palavra de Deus nos inspire a viver de maneira ética, guiados por esses princípios que têm o poder de transformar vidas e fortalecer laços humanos.
Que a luz da Bíblia ilumine nosso caminho, e que, juntos, possamos continuar a trilhar a estrada da correção fraterna, nutrindo relacionamentos saudáveis e promovendo a paz em nossas vidas e em nosso mundo.
Frei Lauro Matheus Costa dos Santos*
*Frei Lauro é frade franciscano da Custódia São Benedito da Amazônia e atualmente cursa o 1º ano de Teologia no Instituto Teológico Franciscano de Petrópolis (RJ).