Livrai-nos do Mal-(Mt 6,13)

Da minha primeira infância, uma das lembranças mais ternas que tenho é de rezar a Ave Maria, com as mãos postas, antes de cada refeição, quando visitávamos a casa de minha avó paterna em Ituporanga. Era algo muito diferente, porque não tínhamos o costume de rezar à mesa em nossa casa.

Este procedimento teve alteração durante a primeira visita do então Papa João Paulo II ao Brasil, em 1980. Lembro que teve uma missa pela manhã, transmitida pela televisão, na qual ele convidou a todos para rezarmos juntos o Pai Nosso, pouco antes do almoço. Naquela data, lembro de termos combinado como família que, a partir daquela data, rezaríamos o Pai Nosso, de mãos dadas, antes de cada refeição.

[Ao lembrar disso hoje pela manhã, fui “navegar” na internet em busca de informações e imagens daquela ilustre visita – a primeira visita de um papa ao Brasil –; confesso que foi difícil conter a emoção (no link https://www.vaticannews.va/pt/vaticano/news/2020-06/40-anos-papa-joao-paulo-ii-no-brasil.html você pode acessar um pouco desta história)…]

Sou de uma geração que cresceu ouvindo, a cada Oração Eucarística, a oração pelo “nosso Papa João Paulo II”, já que iniciei meus trabalhos na Igreja colaborando com a liturgia e os cantos no mesmo período que o hoje São João Paulo II visitou o Brasil pela primeira vez.

Inevitável, ainda, lembrar que, especialmente quando criança, a frase do Pai Nosso que eu dizia com mais ênfase, antes de cada almoço, foi usada como título… Porque o Mal pode ter várias faces, pode trazer variados desafios, pode provocar pensamentos e sentimentos múltiplos em cada um de nós…

Porém, ao rezarmos essa frase na oração do Pai Nosso, ensinada pelo próprio Cristo – ensinamento este constante no chamado “Sermão da Montanha” (descrito nos capítulos 5 a 7 do Evangelho de Mateus) –, assumimos nossa fragilidade de seres humanos que somos, e nos confiamos ao poder do Pai que nos criou e nos amou desde o início dos tempos.

Normalmente utilizo citações do Papa Francisco em minhas meditações; porém, hoje, peço licença a vocês – seja pelo saudosismo que meus completos cinquenta anos me trazem, seja pela profundidade das palavras de fé e esperança – para utilizar uma frase do papa que me acompanhou durante o meu desabrochar como cristã (e até posso dizer também como franciscana, ainda que tenha professado meus votos na OFS durante o papado do Francisco de hoje), durante sua primeira visita ao Brasil:

“A Igreja no Brasil veio exatamente procurar uma resposta aos pés da Eucaristia. E espero que tenha encontrado essa resposta; e espero também que irá continuar a encontrá-la constantemente, prestando ouvidos à Palavra do Senhor, entrando no Seu Coração e haurindo neste Amor, que é mais forte do que todos os males, e perseverando naquela fraternidade e na paz que somente Ele, Jesus Cristo, pode dar ao homem e ao mundo” (X Congresso Eucarístico, 13/07/1980, Fortaleza/CE).

Tanto o então Papa João Paulo II quanto o Papa Francisco lembraram a nós, cristãos, que podemos ficar mais distantes do Mal quando estamos mais próximos, em pensamentos e atitudes, dos ensinamentos que o próprio Cristo nos deixou. Que suas palavras e ensinamentos, pautados pelo Evangelho, nos guiem para a intimidade na fé com o Cristo Ressuscitado.

“A bênção, João de Deus”.

Um abraço Leila Denise

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