Minha alma está em aflição de morte – (Mt 26-38)

Encontramos todos os dias pessoas pelas ruas e pela vida com um olhar que pronuncia esta frase. O olhar delas nos conta de suas tragédias, de seu desespero, da destruição do seu lugar de amor e tranquilidade, da angústia que destroça, da ameaça real que faz temer por sua esperança.

Jesus a profere no primeiro momento com os discípulos no Getsêmani na véspera da sua Paixão, ao pedir que eles não o deixem só nos últimos momentos de humana “tranquilidade” antes de entregar sua vida por nossa redenção.

Também São Francisco de Assis teve seus momentos de aflição, ao perceber que alguns de seus confrades não tinha entendido muito bem o que ele entendia como certo para vivenciar o Evangelho, que o olhavam e julgavam que o que ele ditava como regra de vida era impossível de se replicar daquela forma…

Se eu fosse listar agora tudo que tira a nossa tranquilidade nos dias de hoje, a lista seria imensa! Isso porque só a minha lista, como uma medrosa assumida, já ocuparia folhas e folhas – e somos bilhões de pessoas a conviver nesta Casa Comum, com valores e interesses diversos, com realidades conflitantes e contrastantes entre si…

Num tempo onde tudo pode acontecer, o simples fato de sair à rua para comprar pães ou ir para a escola pode trazer consequências – sentimentais e emocionais – devastadoras, pois não só os adultos estão expostos, mas principalmente as crianças, que, como adultos e pais “responsáveis”, temos a tarefa de proteger…

O Papa Francisco, logo no início de seu pontificado, nos traz uma comparação interessante para explicar a Esperança: “A esperança é a mais humildade das três virtudes teologais, porque se esconde na vida… em primeiro lugar, é um risco. A esperança é uma virtude, uma virtude perigosa, uma virtude, como diz São Paulo, de uma expectativa fervorosa pela revelação do Filho de Deus. Não é uma ilusão… Estamos na expectativa. Este é um parto. A esperança põe-se nesta dinâmica do dar a vida, é uma graça que deve ser pedida… Uma coisa é viver na esperança, porque na esperança somos salvos, e outra é viver como bons cristãos e nada mais, viver na expectativa da revelação, ou viver bem como os mandamentos, ancorados nas margens do mundo futuro ou estacionados na laguna artificial. A atitude de Maria, uma jovem, quando soube que seria mãe: ‘Vai, ajuda e canta aquele cântico de louvor”. Porque quando uma mulher está grávida, é mulher, mas é como se transformasse profundamente porque agora é mãe. E a esperança é algo semelhante, muda a nossa atitude.” (Missa em santa Marta, 29/10/2013)

E é quase palpável, hoje, a dificuldade de se ter esperança… 

Mas, tenhamos certeza, que Cristo não ressuscitou em vão; mataram-No com uma sentença que servisse de exemplo para desencorajar todos os rebeldes e deram a todos nós, que Nele acreditamos, o símbolo de nossa Fé e o motivo de nossa Esperança.

A Fé a Esperança, não esqueçamos, depende essencialmente das nossas atitudes.

Mantenhamos nossa Fé viva e nossa Esperança domine nossas atitudes para melhorar esta Casa Comum, tornando-a repleta do Amor e da Misericórdia que o próprio Jesus Cristo vivenciou e nos deixou.

Coragem! 

Leila Denise

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