“Onde há desespero, que eu leve esperança.”
São Francisco de Assis
Olá queridos irmãos, paz e bem!
O ano de 2022 já ficou marcado para o estado do Rio de Janeiro, mais precisamente para a cidade de Petrópolis, infelizmente de maneira muito dolorosa. Aliás, impossível é conhecer em algum momento da vida, e não se apaixonar por esta linda cidade e pelas histórias acontecidas ali, que, bem ou mal, escreveram quem somos hoje como país e povo.
Já se foram mais de um mês que esta cidade tão amável sofre com esta tragédia que causou e causa grande dor e transtornos para todos da cidade, e aperta os corações de todos nós.
Eu particularmente também acabei sendo atingida também, quando um casal próximo, tão jovem, se foi nessa tragédia, atingidos pelo deslizamento de terra que destruiu a casa deles, no Morro da Oficina, deixando muita saudade…
Mas no meio de tanta dor e desespero, de tantas lágrimas e falta de esperança, surgem pessoas que não se contentaram em somente ver o que aconteceu pelas mídias, mas, resolveram de maneira mais próxima, na medida de suas possibilidades, ajudar a todos aqueles que não tinham forças para prosseguir.
Estou falando dos voluntários, essas figuras tão importantes em situações extremas, que surgiram de outros lugares e da própria cidade. De várias idades e com histórias diferentes, largaram tudo para servir aqueles que estavam necessitando de absolutamente tudo, principalmente amor e solidariedade para se reerguerem e prosseguir a vida, mesmo no meio de tanta dor, trazendo alento e esperança, onde já quase nada havia.
Nesta edição, convidamos duas voluntárias que estão colaborando na Paróquia do Sagrado Coração de Jesus em Petrópolis, onde também fica o seminário franciscano. Maria Eduarda e Camila, vão nos contar um pouco desta experiência. Bora conhecê-las?
Nome: Maria Eduarda
Idade: 16 anos
Onde mora: Bairro Independência
Paróquia: Paróquia de São Sebastião do Indaiá
Música preferida: Delírio- clarissa muller, Outro eu
Filme/ série: Quem é você, alasca?
Personalidade inspiradora: Minha mãe
Você pode nos contar como ficou sabendo que aquela chuva do dia 15.02, e qual foi a sua reação?
Eu tava no centro da cidade na hora da chuva, fiquei presa até umas 23h no trabalho da minha avó, foi um momento muito ruim e difícil, ver aquilo acontecendo tão próximo foi desesperador.
Como decidiu que iria ajudar, doando seu tempo?
- Decidi que iria ajudar separando as doações. Estava me sentindo impotente depois da tragédia, foi um meio de me sentir útil.
O que mais te tocou nesse tempo de ajuda ?
- O que mais me tocou foi ter conseguido ajudar uma quantidade de pessoas tão grande mesmo que indiretamente porque recebíamos muitas doações.
Dentre todas as histórias que você acompanhou, qual foi a que te tocou mais e te fez refletir?
- Foi a de uma conhecida que perdeu a casa e a família toda, ela estava em casa com o irmão e os pais e a casa desabou, só conseguiram resgatar ela e ela ficou muito mal internada por um tempo, a vida é muito instável e tudo pode mudar a qualquer hora..
Como você se sente podendo doar um pouco do seu tempo aos irmãos que estão sofridos ?
- Me sinto muito feliz e útil ajudando as pessoas, porque fazer o outro feliz em um momento difícil me faz também!
Qual o recado que você como voluntária pode dar para os nossos leitores, sobre tudo que você viu e viveu neste tempo?
- Posso dizer que ajudar o próximo diz muito sobre você mesmo, e acaba te ajudando no seu autoconhecimento e autoconfiança. Sempre que puder vou doar um pouco do meu tempo para o outro, pois sinto que é algo fundamental, principalmente depois de tudo que aconteceu.
Nome: Camila
Idade: 39 anos
Onde mora: Centro de Petrópolis
Você pode nos contar como ficou sabendo que aquela chuva do dia 15.02, e qual foi a sua reação?
- Eu estava saindo com meu filho da terapia, no 16 de março, quando a chuva já caía há cerca de 1h. Saí de carro e já fiquei presa ali em frente a Alencar Lima. Ali pude ver como já estava a avenida.
Como decidiu que iria ajudar, doando seu tempo?
- Moro num apartamento, no alto, de onde se via toda movimentação de pessoas, carros de bombeiro, defesa civil, ambulâncias… me senti incomodada demais em estar dentro de casa naquele momento em que sabia que muita coisa precisava ser feita pra amenizar a dor, tristeza, desespero de tantas pessoas que perderam parentes, casa, pertences e a esperança de continuar vivendo.
O que mais te tocou nesse tempo de ajuda ?
- A iniciativa e a generosidade dos voluntários.
Dentre todas as histórias que você acompanhou, qual foi a que te tocou mais e te fez refletir?
- A história do pai que perdeu mulher e os dois filhos (Bento e Sofia). Tenho três filhos e de certa forma, tudo que tem a ver a com criança me toca bastante.
Como você se sente podendo doar um pouco do seu tempo aos irmãos que estão sofridos ?
- Sinto que estou ajudando a amenizar o caos e a dor das pessoas que foram afetadas.
Qual o recado que você como voluntária pode dar para os nossos leitores, sobre tudo que você viu e viveu neste tempo?
- O recado é: Somos um só. A natureza clama por união e cooperação entre os homens.
Com estes dois relatos, podemos perceber que, não importa o quanto podemos fazer, o importante é fazer algo por quem está precisando de ajuda. Longe ou perto, podemos sempre ajudar, seja em orações, em doações de tempo ou recursos, ouvir, acolher, cuidar. Sempre há algo que podemos fazer pelos que mais precisam.
Essas duas mulheres incríveis nos ensinam que, seguir o coração traz esperança não só para quem está precisando de ajuda, mas também para quem doa o que tem pelo bem do outro, talvez até muito mais. Quem doa, ganha muito mais sempre!
E você, já pensou em ajudar alguém, ou se voluntariar em algum projeto aí perto da sua casa? Que tal esta experiência ? Se você já é um voluntário, comenta aqui como é a sua vivência pra gente !
Quem desejar saber mais sobre como ajudar as vítimas das chuvas em Petrópolis mais de perto, doando seu tempo, pode entrar em contato conosco ou com a Paróquia do Sagrado Coração de Jesus em Petrópolis, através de nossos canais.
Que está longe e deseja contribuir financeiramente, pode utilizar o pix da paróquia e fazer sua doação : paroquiadosagrado@diocesedepetropolis.org,br
Que toda esta dor possa se transformar em esperança de dias melhores, e que nunca percamos de vista que, sempre nós podemos estender a mão para quem precisa de nós se levantar, prosseguir e voltar a sorrir.
Deus abençoe vocês!
Um grande abraço Fraterno!
Ana Karenina e Victória
Acervo de imagem: Sefras – Serviço Franciscano de Solidariedade