“Escutai todos e compreendei: o que torna impuro o homem não é o que entra nele vindo de fora, mas o que sai do seu interior” (Mc 7, 14-15).
O pecado é fruto de um ato voluntário interno. É algo que nós, por livre vontade, fazemos. Por isso, colocar que o pecado é fruto de algo externo a nós, é só mais uma desculpa! Lógico, a ação demoníaca é real, e existem fatores da tentação provocada pelo maligno, mas mesmo assim, a ação de errar é cometida por nós.
Jesus, ao afirmar que “é de dentro do coração humano que saem as más intenções” (Mc 7, 21), deixa tudo muito claro, e apenas neste versículo, já bastaria toda a reflexão. Todas essas ações tornam o homem impuro, mas o que torna o homem puro? A prática de uma vida em busca de Deus! Buscar a Deus é o princípio do saber, como diz o salmista. Buscar a Deus é encontrar sentido naquilo que vivemos!
Deste modo, o nosso coração está orientado para Deus, mas infelizmente nosso coração por causa do pecado, se desvia. Os anjos ao serem criados, possuíam a chamada: ciência infusa, ou seja, a ciência na qual Deus infunde neles o conhecimento dos seus mistérios. Os homens, antes da queda do pecado, também possuíam essa ciência infusa, que permitia conhecer a Deus e seus mistérios. O dom da ciência infusa é algo que todos nós, seres humanos, ainda temos. Afinal, foi Deus que nos infundiu, mas ainda precisamos sermos purificados para melhor compreendermos os mistérios e desígnios de Deus. A ciência infusa é a graça de nos admirarmos pelo mistério, e de convergir o nosso coração para o eterno. Essa graça preternatural precisa ser alimentada com uma vida de oração, para que a nossa caridade seja realizada mediante a graça de Deus.
Quando, na 2ª leitura lemos que “com efeito, a religião pura e sem mancha diante de Deus Pai, é esta: assistir os órfãos e as viúvas em suas tribulações e não se deixar contaminar pelo mundo” (Tg 1,27), somente tem sentido se estou buscando o céu eterno. Pois, como vimos, não podemos deixarmo-nos contaminar pelo mundo. A ciência infusa é uma orientação do nosso coração ao ponto de assistirmos o órfão e as viúvas, dar comida aos necessitados e enxergarmos o próprio Deus sendo cuidado. Peçamos as virtudes angelicais para conseguirmos orientar o nosso coração ao Sagrado.
Um abraço fraterno!
Frei Jhones Lucas Martins