Moro em Curitibanos, uma cidade do centro de Santa Catarina, na qual hoje (20 de julho), experimentamos a temperatura mais baixa do ano até aqui: seis graus negativos. Pela manhã, fiquei aguardando minha mãe enquanto ela fazia exames, e aproveitei o tempo para tirar fotos e observar a natureza transformada pela geada, pelo sol tímido “de pernas compridas”, como diz meu pai, e pelas baixas temperaturas, mesmo que já no meio da manhã.
Foi inevitável perceber o quanto o branco da geada altera a paisagem. E desta forma, sabemos que, se a planta não for resistente às baixas temperaturas, essa água causará sérios danos estruturais à planta.
Mas a luz do sol está presente; assim, lentamente, a água vai aquecendo e, em temperatura mais branda, passa a irrigar e alimentar as plantas sobre as quais caiu.
Não se pode deixar de lembrar o trecho de Isaías que, ainda que cite a neve, se aplica a este caso: “E como a chuva e a neve que caem do céu, para lá não voltam sem antes molhar a terra, tornando-a fecunda e fazendo-a germinar, a fim de produzir semente para o semeador e alimento para quem come, assim, acontece com a minha palavra, que sai da minha boca. Ela não volta para mim sem efeito, sem ter realizado o que eu quero, e sem ter cumprido com sucesso a missão para a qual eu a enviei” (Is 55,10-11).
Podemos, como cristãos, ser a água que Deus manda ao meio do povo para saciar os sedentos (ainda que, por vezes, sejamos gelados como a geada, e necessitemos sentir o calor do sol de Cristo nos aquecer antes de nos tornarmos saudáveis para quem saciaremos) ou a planta que recebe essa água (aquecida pelo amor do sol Cristo para saciar nossa sede, que não pode ser substituída por nada criado pela mão do homem, também criatura de Deus).
Mas, ainda, não se pode esquecer da importância da presença da luz do sol.
Essa luz do sol (Cristo) ajuda não só a trazer o (necessário) equilíbrio da temperatura para propiciar o saciar da sede das criaturas, mas também as ilumina e as aquece, tornando sua existência possível.
Numa temperatura próxima ao zero grau, posso garantir que a presença do sol traz um diferencial básico ao humor e aos sentidos: com a presença do sol, a disposição para enfrentar as dificuldades que a baixa temperatura traz é muito maior do que quando o tempo está nublado ou chuvoso – pois estes últimos facilitam a decisão de ficar fechado em casa para melhor se aquecer.
O Papa Francisco nos lembra que “Nascemos com uma semente de inquietação; inquietação de encontrar a plenitude. Nosso coração, mesmo sem saber, tem sede do encontro com Deus e o busca, muitas vezes, por caminhos errados. Quando nossa inquietação encontra Jesus, começa a vida da graça.”
Que, por onde passarmos, sejamos fecundos como a geada ou a neve – nos deixando tornar alimento pela graça da iluminação e do aquecimento do sol Cristo -, nos tornando água que sacia e alimenta as boas sementes do mundo, para que possamos sentir o efeito que podemos causar no mundo simplesmente por nos deixarmos ser instrumentos do encontro entre o nosso próximo e o nosso Deus, cumprindo nossa missão de cristãos e/ou franciscanos.
Paz e bem a todos.
Abraço fraterno, Leila Denise !
Amém irmãzinha. Paz e Bem