Olá galera, tudo bem?
Este é o primeiro “Conexão Convida” da nova equipe! Eu (Ana) e a Vitória fizemos uma entrevista com todo amor. Trazendo uma “conexão fraterna” entre o campo e a cidade, vamos mostrar suas relações com o meio ambiente. A seguir, duas incríveis jovens mulheres ativistas, vão mostrar um pouquinho das suas realidades com o meio ambiente.
Mas antes, vamos stalkear elas um pouquinho??
Nome: Gabrielle Penitente Silva
Idade: 20 anos
Profissão: Professora de geografia e Técnica em edificações
Música preferida: Cuatro Vientos (Danit Treubig)
Filme/série: As telefonistas (série)
Livro: Mulheres que correm com os lobos
Personalidade inspiradora: Padre Júlio Lancellotti
Relação com o tema: De extrema conexão com o meu ser
Nome: Dalvana Cordazzo
Idade: 28 anos
Profissão: Agricultora familiar
Música preferida: Iza – Dona de mim
Filme/série: Anne With An E e Fronteira Verde
Livro: A vida secretas das árvores
Personalidade inspiradora: São Francisco de Assis / Ana Pimavesi e muitas pessoas anônimas que transformam a realidade onde estão.
Relação com o tema: meu foco de estudo e vivencia diária.
CONFERE AÍ UM POUQUINHO MAIS DA GABI E DA DALVANA:
1 – Dalvana
Dalvana Cordazzo é natural do interior de Coronel Freitas, oeste de SC. Agricultora familiar, atua na organização sindical, da FETRAF (SC) – Federação dos Trabalhadores da Agricultura Familiar – como coordenadora das mulheres, e também na direção do Sintraf de Coronel Freitas. Atualmente cursa em EAD “Gestão Ambiental” na UNOPAR. E na comunidade local, é catequista e ministra da eucaristia.
2 – Gabrielle
Gabrielle define-se como “uma mulher, moradora da Baixada Fluminense, e estudante de geografia preocupada com as causas sociais e ambientais. Tudo que faço da minha vida envolve maneiras de barrar o fim do mundo, e isso é sério”! Atua em voluntariados de assistência à pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social e é membro de um grupo de ativismo ambiental (REAJA). Também coordena um brechó de moda sustentável.
Legal né, ambas com realidades completamente diferentes, mas atuantes e esperançosas. Exemplos!
Agora vamos falar um pouco sobre nossa temática. Meninas, o que vocês entendem por ecologia sustentável?
Dalvana – Harmonia, equilíbrio, uso consciente dos recursos naturais. É usufruir dos recursos naturais de uma forma que não agrida a natureza, mas que trabalha em conjunto. Desenvolvimento sustentável é encontrar jeitos e formas de viver que não danifiquem o meio ambiente. Que atenda às necessidade do presente sem comprometer as futuras gerações. E isso tudo engloba três pilares: o econômico, social e o ambiental.
Gabrielle – A ecologia sustentável são práticas conscientes de extração e consumo para o não esgotamento de nossos recursos naturais como água, solo, ar, fauna e flora que são nossas fontes de vida. E é claro, ecologia requer posicionamento nas decisões de políticas ambientais, do simples corte de uma árvore no seu bairro, às queimadas lá na Floresta Amazônica.
Levando agora para cada realidade, vocês possuem uma vivência ecológica? Nesse sentido diante da sua realidade, o que vocês fazem e o que recomendam que seja feito para melhorar o cuidado com a casa comum?
Dalvana – Meu trabalho é com a terra, e isso me faz ser quem eu sou hoje, é o que me conecta comigo mesma e com o todo. A vida tem um sentido diferente, com muita plenitude. Produção de alimentos orgânicos, separação do lixo reciclável e utilização do lixo orgânico para adubar outras áreas de terra, substituir o uso de produtos convencionais por produtos ecológicos, preservação das águas, reflorestamento.
Realizamos a Trilha Ecológica São Francisco de Assis em nosso município, que tem como objetivo proporcionar momentos com maior contato com a natureza, vivência diferente, integrar os jovens ao trabalho coletivo, de conscientizar da importância do cuidado com a vida e a natureza, desenvolvendo os valores de cidadania e relações sociais. Acredito que a mudança de hábitos, no dia a dia, traz muitos resultados, não só para a nossa vida, mas reflete na realidade que nos cerca. E também podem ser realizadas muitas iniciativas coletivas, voltadas à educação ambiental.
Gabrielle- Ser ecológica requer ir ao contrário do meu sistema urbano, ou seja, direciono meu lixo à diversos locais pois não existe coleta seletiva adequada, faço compostagem doméstica com os restos de alimentos orgânicos e uso como adubo pras plantas. Busco utilizar meu próprio kit de utensílios diários em qualquer local para evitar mais lixo descartável. Consumo empresas que respeitam o meio ambiente, na extração e descarte de resíduos. E sempre que possível, compartilho minhas experiências pessoais, a fim de expandir a educação ambiental crítica nas pessoas.
Meninas, considerando que todos somos irmãos, conforme o cântico das criaturas e que a terra é nossa mãe, para vocês, quais são as práticas coletivas que integram o cuidado com o meio ambiente?
Dalvana – Enquanto organização trazemos um debate da agricultura orgânica/ agroecológica, como uma saída para os agricultores, que além de ter um trabalho com menos risco, também traz os benefícios de uma saúde melhor, pois acreditamos que consumir alimentos em sua forma mais natural é possível e ter a certeza de estar fazendo a sua parte para cuidar da natureza. Além, é claro, de ser a melhor forma de manter a sua saúde em dia. E temos muitas experiências incríveis, de uma agricultura que respeita e trabalha em parceria com a natureza. E uma das práticas que podem ser aderidas por quem mora na cidade é consumir produtos direto dos agricultores familiares. Mas tem um fator essencial para que as ações possam acontecer com mais rapidez e proteção ao meio ambiente, que é através do poder público.
Gabrielle – O primeiro passo coletivo para melhorar nosso cuidado com a casa comum é enxergarmos ela como divina. Dependemos dela, para matar a sede e a fome, de alimento para corpo e pra alma. Em seguida, combatermos as injustiças ambientais e criar práticas que diminuam a necessidade de degradá-la, gerando melhoria de vida a partir das realidades. Geralmente quem mais sofre são pessoas periféricas, populações indígenas, quilombolas, ribeirinhas, entre outros…
Por último meninas, mas não menos importante: nos últimos anos no Brasil, houve em contrapartida do que clama o Papa Francisco: uma aceleração do desmatamento, isso se evidencia na sua realidade? O que podemos fazer para diminuir este índice?
Dalvana- Acredito que as consequências dos desmatamentos e das queimadas, principalmente, na região Amazônia, geram consequências em todo o país, desregulando os períodos de chuvas, além de criar paisagem cinzentas. E isso, só pode ser mudado com uma legislação ambiental mais atuante, e com maiores recursos humanos disponíveis para os trabalhos. Mas vai depender das ações do poder público, dos governos pra criam mecanismos de suporte e que fortaleçam os institutos e organizações que trabalham na preservação do meio ambiente. E a sociedade civil engajadas é o que faz acontecer na prática as ações.
Gabrielle – Na minha realidade no RJ procuro sempre lembrar que onde piso era terra, mangues, florestas e faixas de areia. Nossa cultura urbana degradou tudo e por consequência sofremos com desastres naturais; enchentes, deslizamentos de terra, secas, queimadas devastadoras e mudanças climáticas intensas. Vejo que esses desastres são um clamor da mãe terra pedindo socorro, com certeza você também sente esse grito! Me vejo na obrigação de salvá- la. Salvar esse divino que me acolhe e dá vida. Acesso à recurso natural de qualidade é um direito de todos e devemos lutar por isso! Precisamos de mais ação cotidiana e mais descontentamento com os sistemas dominantes.
Dalva, deixa uma breve mensagem para os leitores do conexão?
Precisamos ir ao encontro da natureza e aprender a nos conectar com ela, por isso, se proporcione pequenos momentos em contato com ela. A preservação da natureza é compromisso e responsabilidade de todos. Alguns hábitos diários podem ser repensados, ouse pensar e agir “fora da caixa”. E para encerrar finalizo com os dizeres do Leonardo Boff: “Cuidado e Sustentabilidade caminham juntos, amparando-se mutuamente. Se não houver cuidado, dificilmente sem alcançará uma sustentabilidade que se mantém a médio e a logo prazo. São as duas pilastras básicas, que vão sustentar uma necessária transformação de nosso estar na Terra.”
Gabi, deixa uma breve mensagem para os leitores do Conexão?
Lembrem sempre: é possível reverter o peso da degradação ambiental que sentimos ao criarmos uma cultura de respeito e valorização da natureza. O capitalismo é o principal alvo nesse combate ao mal gerado para o meio ambiente.
A natureza se auto sustenta, a humanidade está caminhando a passos lentos em direção a sustentabilidade. Bora então? REAJA!
Quer saber mais sobre o reaja e a trilha ecológica São Francisco de Assis? Dá uma espiadinha no insta @reajamov e @trilhaecologica!
Abraços,
Ana Karenina e Vitória Colussi