“Quem se apega à sua vida, perde-a; mas quem faz pouca conta de sua vida neste mundo conservá-la-á para a vida eterna” (Jo 12,25).
Neste último domingo da quaresma, vemos Jesus no Evangelho, relatando sobre os seus últimos momentos e sobre a sua hora que está prestes a chegar. Hora essa que é marcada por sua morte, mas também por sua glorificação. No versículo 25, Jesus está falando sobre o desapego que precisamos ter, inclusive até da nossa própria vida, pois precisamos colocar a nossa atenção para a vida eterna.
São Francisco em seus escritos e biografias, tem como recorrente o desapego. Creio também que por diversas vezes já ouvimos esses temas: desapego dos bens materiais; desapego de si; desapegos dos outros e etc… Mas, por que desapegar? Apegar é tomar para si, é tomar posse de algo ou de alguém ou de alguma situação. Apegar nos faz ter o domínio sobre. É querer ter a sensação de poder e mandar. Essa sensação nunca se dá por satisfeita. Sempre que obtemos algo, queremos mais e para isso recorremos a tudo o que for necessário. Sendo assim, o perigo do apego vem acompanhado de uma busca desenfreada por sempre querer se manter no poder e no domínio de algo.
Quando Jesus propõe este desapegar, inclusive até da própria vida, é nesse sentido. Quando chega a esse ponto, tudo vale. Vale passar por cima das pessoas, humilhá-las, maltratá-las. Pior é que muitas vezes humilhamos e maltratamos as pessoas sem ter a noção do que estamos fazendo. Por isso, o grande enfoque de Jesus e de São Francisco em seus escritos sobre esse tema é o desapego. É necessário desapegar para entendermos o que é se colocar no lugar do outro, pois enquanto eu estiver apegado a minha vida, ao meu poder eu nunca saberei o que é a dor do outro, ou melhor, eu nunca saberei o que é ter empatia. Jesus somente entendeu sobre a dor do próximo porque Ele experimentou todo o sofrimento humano, inclusive a morte.
Termino aqui com a Admoestação XIX de São Francisco que diz: “Bem-aventurado o servo que não se considera melhor quando é engrandecido e exaltado pelos homens do que quando é considerado insignificante, simples e desprezado, porque, quanto é o homem diante de Deus, tanto é e não mais.”
Paz e Bem e um abraço do Frei Jhones!